quarta-feira, 3 de junho de 2020

cavalos-marinhos Hippocampus sp.










Cavalo-marinho-de-focinho-comprido Hippocampus guttulatus Cuvier 1829

Cavalo-marinho-de-focinho-curto H. hippocampus Linnaeus, 1758


Cerca de cinquenta espécies de cavalos-marinhos da família Syngnathidae habitam os oceanos do planeta. Seres de aspeto pouco comum que a mitologia clássica logo associou aos imponentes Hipocampos, corpo de cavalo e cauda de peixe, transportando o deus dos mares, Posídon.

Não existe história infantil passada no mar que não coloque estes animais reais como figuras de fantasia. Realmente, são peixes sem escamas, de movimentos lentos e verticais, monogâmicos em cada ciclo reprodutor, olhar e mimetismo de camaleão, bolsa «marsupial» nos machos onde a fêmea deposita os ovos para que sejam fertilizados, expulsando-os depois, como juvenis (ou alevins). São muito fáceis de capturar e, por vezes, acabam envernizados, como amuleto ou bibelô.

Na Ria Formosa, segundo contagens de 2000, existia uma considerável comunidade das duas espécies fazendo invejar cientistas de outras paragens. Entre marés, canais de baixa profundidade e sapais, estes animais encontravam tranquilidade, refúgio e alimento, que muito comilões são de pequenos crustáceos. Mas em poucos anos as condições alteraram-se e as duas espécies viram as populações severamente reduzidas. A captura em massa para fins medicinais nos mercados asiáticos, a poluição sonora subaquática, o excesso da atividade turística, a sobre-exploração dos recursos, alterando os fundos marinhos dinâmicos e degradando as comunidades de plantas aquáticas, são fatores que contribuem para uma situação que exige fortes medidas de conservação.

Apesar da pesca dos cavalos-marinhos estar há muito proibida na área do Parque Natural da Ria Formosa, os seus técnicos e cientistas de outras instituições propuseram recentemente reservas específicas, entre outras medidas para a sua conservação. Acima de tudo, os cavalos-marinhos da Ria Formosa necessitam da consciência ambiental de todos os que desejam preservar um ecossistema tão rico mas tão vulnerável.


jef, 2020

*  zoologia


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