Cavalo-marinho-de-focinho-comprido Hippocampus guttulatus Cuvier 1829
Cavalo-marinho-de-focinho-curto
H. hippocampus Linnaeus, 1758
Cerca
de cinquenta espécies de cavalos-marinhos da família Syngnathidae habitam os oceanos do planeta. Seres de aspeto pouco
comum que a mitologia clássica logo associou aos imponentes Hipocampos, corpo
de cavalo e cauda de peixe, transportando o deus dos mares, Posídon.
Não
existe história infantil passada no mar que não coloque estes animais reais
como figuras de fantasia. Realmente, são peixes sem escamas, de movimentos
lentos e verticais, monogâmicos em cada ciclo reprodutor, olhar e mimetismo de
camaleão, bolsa «marsupial» nos machos onde a fêmea deposita os ovos para que
sejam fertilizados, expulsando-os depois, como juvenis (ou alevins). São muito
fáceis de capturar e, por vezes, acabam envernizados, como amuleto ou bibelô.
Na
Ria Formosa, segundo contagens de 2000, existia uma considerável comunidade das
duas espécies fazendo invejar cientistas de outras paragens. Entre marés,
canais de baixa profundidade e sapais, estes animais encontravam tranquilidade,
refúgio e alimento, que muito comilões são de pequenos crustáceos. Mas em
poucos anos as condições alteraram-se e as duas espécies viram as populações
severamente reduzidas. A captura em massa para fins medicinais nos mercados
asiáticos, a poluição sonora subaquática, o excesso da atividade turística, a
sobre-exploração dos recursos, alterando os fundos marinhos dinâmicos e
degradando as comunidades de plantas aquáticas, são fatores que contribuem para
uma situação que exige fortes medidas de conservação.
Apesar
da pesca dos cavalos-marinhos estar há muito proibida na área do Parque Natural
da Ria Formosa, os seus técnicos e cientistas de outras instituições propuseram
recentemente reservas específicas, entre outras medidas para a sua conservação.
Acima de tudo, os cavalos-marinhos da Ria Formosa necessitam da consciência
ambiental de todos os que desejam preservar um ecossistema tão rico mas tão
vulnerável.
jef,
2020
* zoologia
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