(a fotografia vem do Grupo Lobo)
Lobo-ibérico
Canis lupus signatus Cabrera, 1907
Este
é um dos carnívoros com maior dimensão cultural. Temido, amado e, por isso,
mítico. Esopo falava de um pastor que gritava falsamente por ajuda. La Fontaine
colocava políticos a falar pelo animal, retóricos e matreiros. Os irmãos Grimm
adoçaram a assustadora ira popular por um animal que representava a predação de
rebanhos e a fantasia medrosa de uma floresta europeia e inóspita. Jack London
admirava a sua obstinada capacidade de resistência.
Figura
possante, membros altos, cabeça larga, focinho comprido, orelhas atentas, longa
cauda, vivendo em alcateia, tem, de facto, um cariz literário e uma presença
gregária de aristocrata. É um resistente porque se adaptou às condições mais
agrestes da montanha para onde foi empurrado pela perseguição humana; também
por ser um oportunista quanto à dieta alimentar.
Em
Portugal, as alcateias foram recenseadas pela última vez em 2002/2003,
localizando-se essencialmente a norte do rio Douro. A sul do Douro, sobreviviam
menos de 10 alcateias.
Para
a conservação das suas populações é premente atualizar o conhecimento do número
e da situação das alcateias, pelo que está a realizar-se de um novo Censo
Nacional que decorrerá até 2021 sob coordenação do Instituto da Conservação da Natureza
e das Florestas. Seis equipas foram selecionadas para fazer o levantamento da
espécie nas possíveis áreas de ocupação: duas a sul do rio Douro, quatro a
norte (Noroeste, Centro Norte, Nordeste e Terra Quente). Esta ação será
financiada comunitariamente pelo Programa Operacional Sustentabilidade e
Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).
O
conhecimento atualizado é fundamental para assegurar a conservação deste grande
carnívoro e do seu importante valor ecológico e cultural.
jef,
maio 2020
* zoologia
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