quinta-feira, 4 de junho de 2020

Lobo-ibérico Canis lupus signatus Cabrera, 1907





(a fotografia vem do Grupo Lobo)


Lobo-ibérico Canis lupus signatus Cabrera, 1907


Este é um dos carnívoros com maior dimensão cultural. Temido, amado e, por isso, mítico. Esopo falava de um pastor que gritava falsamente por ajuda. La Fontaine colocava políticos a falar pelo animal, retóricos e matreiros. Os irmãos Grimm adoçaram a assustadora ira popular por um animal que representava a predação de rebanhos e a fantasia medrosa de uma floresta europeia e inóspita. Jack London admirava a sua obstinada capacidade de resistência.

Figura possante, membros altos, cabeça larga, focinho comprido, orelhas atentas, longa cauda, vivendo em alcateia, tem, de facto, um cariz literário e uma presença gregária de aristocrata. É um resistente porque se adaptou às condições mais agrestes da montanha para onde foi empurrado pela perseguição humana; também por ser um oportunista quanto à dieta alimentar.

Em Portugal, as alcateias foram recenseadas pela última vez em 2002/2003, localizando-se essencialmente a norte do rio Douro. A sul do Douro, sobreviviam menos de 10 alcateias.

Para a conservação das suas populações é premente atualizar o conhecimento do número e da situação das alcateias, pelo que está a realizar-se de um novo Censo Nacional que decorrerá até 2021 sob coordenação do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Seis equipas foram selecionadas para fazer o levantamento da espécie nas possíveis áreas de ocupação: duas a sul do rio Douro, quatro a norte (Noroeste, Centro Norte, Nordeste e Terra Quente). Esta ação será financiada comunitariamente pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).

O conhecimento atualizado é fundamental para assegurar a conservação deste grande carnívoro e do seu importante valor ecológico e cultural.

 

jef, maio 2020

*  zoologia


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