Não tenho jeito nenhum para previsões, não tenho vocação para
astrólogo, mas parece-me que este livro completa um ciclo, ou um círculo,
iniciado com aquela colecção de «Postais», exposta em Setúbal, na Casa da
Cultura, sob o carinho artístico de José Teófilo Duarte.
Ao manusear as 32 páginas, 10,5 x 14,8 cm, em papel
acetinado, brilhante, as cores afundam-se com uma intensidade que nos
manobra o olhar, desde a capa. Ali a palavra valsa repete-se sobre uma cor de
iogurte de amora. Lá dentro, a palavra repete-se, novamente, central, circular,
amarela, cosida a Singer linha preta, numa composição em forma de labirinto organizado: pantones, esquadrias,
movimento. É preciso tomar muita atenção para entender a libido que se mostra (mas
esconde) desde as primeiras páginas. Repito, as cores movimentam-se, umas sobre
as outras, sem se misturarem. Ana Teresa Ascensão, a designer, assim determina.
Neste ciclo, círculo completo, (Postais, Abraços, Aventuras
de Qualquer Coisa, Zzzzzz, Semáforo Amarelo), as cores foram-se impondo com
limites hiper-definidos, tomadas do romantismo total que as personagens exigiam,
baralhando-se porém num arco-íris psicadélico, estruturando a narrativa das
histórias que por lá se contavam…
E eu, que de vidente pouco tenho, apenas sei que a próxima
etapa livresca de André Ruivo talvez venha desdizer tudo aquilo que acabei de
escrever.
jef, julho 2020
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