terça-feira, 7 de julho de 2020

Sobre livro «Valsa Valsa Valsa…» de André Ruivo, Lata Edições / The Inspector Cheese Adventures, 2020










Não tenho jeito nenhum para previsões, não tenho vocação para astrólogo, mas parece-me que este livro completa um ciclo, ou um círculo, iniciado com aquela colecção de «Postais», exposta em Setúbal, na Casa da Cultura, sob o carinho artístico de José Teófilo Duarte.

Ao manusear as 32 páginas, 10,5 x 14,8 cm, em papel acetinado, brilhante, as cores afundam-se com uma intensidade que nos manobra o olhar, desde a capa. Ali a palavra valsa repete-se sobre uma cor de iogurte de amora. Lá dentro, a palavra repete-se, novamente, central, circular, amarela, cosida a Singer linha preta, numa composição em forma de labirinto organizado: pantones, esquadrias, movimento. É preciso tomar muita atenção para entender a libido que se mostra (mas esconde) desde as primeiras páginas. Repito, as cores movimentam-se, umas sobre as outras, sem se misturarem. Ana Teresa Ascensão, a designer, assim determina.

Neste ciclo, círculo completo, (Postais, Abraços, Aventuras de Qualquer Coisa, Zzzzzz, Semáforo Amarelo), as cores foram-se impondo com limites hiper-definidos, tomadas do romantismo total que as personagens exigiam, baralhando-se porém num arco-íris psicadélico, estruturando a narrativa das histórias que por lá se contavam…

E eu, que de vidente pouco tenho, apenas sei que a próxima etapa livresca de André Ruivo talvez venha desdizer tudo aquilo que acabei de escrever.


jef, julho 2020

 


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