terça-feira, 29 de março de 2022

Sobre o disco «Made to Measure» de Armando Teixeira, Fonoteca Municipal, 2005








Sempre gostei de colectâneas musicais. Coleccionava-as. Finais de milénio. Inícios do próximo. Dançável electrónica europeia, universal, única. De leste a oeste, com o centro na germânica Viena, continentes à parte. Ninja Tune, DJ Kicks, Doctor Rockit, The Rebirth of Cool, Eighteenth Street Loung, Cup of Tea Records, Listening Pearls, G-Stone. E por aí fora…

Agora tenho uma pérola na mão, nacional, que me faz sorrir e agitar de novo as células. Sem prazo nem bula. Uma edição comemorativa da Fonoteca Municipal de Lisboa, 2005, talvez a primeira, talvez a única. Esta com a electrónica de Armando Teixeira no centro. O disco-objecto, obra colectiva: a capa de António Jorge Gonçalves e o design de Paulo Romão Brás. Os temas vindos das homenagens a Carlos Paredes e Rui Reininho, do espectáculo de António Jorge Gonçalves e Nuno Artur Silva, da peça da Companhia de Teatro de Braga…

Um percurso não tão aleatório como poderíamos esperar. Do mais dançável, lúdico ou infantil para a densidade do sonho adormecido ou do pesadelo acordado e citadino. Do mais risonho para o mais longo e abstracto. Da pop para a mais erudita, concreta, improvisada, finamente recortada na geometria do silêncio. Afinal, «O que é o desejo?» (faixa 12 12’36”).

Um sério e actual divertimento sem nostálgicas peias.


jef, março 2022

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