quarta-feira, 9 de março de 2022

Sobre o livro «Escama, Rímel, Carapaça» de Manuel Halpern e Alexandra Ramires. A Morte do Artista, 2022.




«O nosso amor só é louco

No sentido clínico do termo

Tudo o resto se torna apenas intransigente»

 

Este é um livro para se ler, vendo.

Um livro gráfico onde as imagens de Alexandra Ramires iniciam um movimento, digamos aquático, sem forma definida mas com volume na acção que lhe seguirá ou que o antecede.

Dizem que é a história de um homem que deseja descobrir o que o feminino não revela nas duplas camadas que o prende. Mas é mais. Conta a história de um homem também por desvendar e que corre (ou nada) contra a corrente de si próprio, num ápice sem porto ou abrigo.

Esta história é uma novela marítima ou uma epopeia sem regresso a Ítaca, sem Índias ou Taprobanas para aportar.

Talvez seja uma bela história em jeito de poesia, sem pontos finais ou destino já que o desfecho é o seu recomeço, num ciclo onde a água retoma o oceano.

Um belo livro que tem o direito de ser uma das mais deslumbrantes novidades deste ano de 2022. Brilhante compensação para um ano triste, entalado entre a pandemia e a guerra.

Uma pulsão gráfica e poética. Maravilhosa.

 

https://amortedoartista.wordpress.com/

 

jef, março 2022

 

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