segunda-feira, 14 de março de 2022

Sobre o filme «Onoda, 10 000 Noites na Selva» de Arthur Harari, 2021


















É impossível não nos comovermos com a personagem criada pelo actor Kanji Tsuda para Hiroo Onoda, missionário e louco. Um oficial japonês treinado no secretismo de um batalhão criado para operações especiais e destacado, no final da Segunda Grande Guerra, para a ilha de Lubang, nas Filipinas. A história real de quem não acreditou que a guerra tinha terminado e viveu perto de 30 anos escondido na floresta tropical, fugindo da verdade, convencido que as notícias chegadas eram armadilhas ou estratagemas montados pelo inimigo para capturar aquele pequeno grupo de guerreiros, fortes soldados que mataram e roubaram por missão e sobrevivência. Porém, fora de época e longe da actualidade.

Um filme de guerra após a guerra, um filme de aventuras na selva, realizado com imensa sensibilidade, quase ternura, com sentido de estado sobre a missão bélica do derrotado (mas também com um subliminar sentido de humor, que me levou a recordar «As Aventuras de Robinson Crusoe» de Luis Buñuel, 1953).

Um filme que estreia de modo excepcional em tempos da Guerra da Ucrânia e nos leva a reflectir sobre a verdade dos factos que nos é transmitida e a tentativa fundamental de chegarmos à verdade.

Se existe um anti-herói na história mundial das guerras, ele é Hiroo Onoda.


jef, março 2022

«Onoda, 10 000 Noites na Selva» (Onoda, 10 000 nuits dans la jungle) de Arthur Harari. Com Yûya Endô, Kanji Tsuda, Nobuhiro Suwa, Issei Ogata, Yûya Matsuura, Tetsuya Chiba, Shinsuke Kato, Kai Inowaki, Taiga Nakano, Nobuhiro Suwa, Mutsuo Yoshioka. Argumento: Arthur Harari, Vincent Poymiro, Bernard Cendron. Produção: Nicolas Anthomé, Maud Berbille, Davy Chou, Anne-Laure Declerck, Antoine Delahousse. Fotografia: Tom Harari. Camboja, Alemanha, França, Itália, Japão, Bélgica, 2021, Cores, 165 min.

 

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