É impossível não nos
comovermos com a personagem criada pelo actor Kanji Tsuda para Hiroo Onoda, missionário e louco. Um
oficial japonês treinado no secretismo de um batalhão criado para operações
especiais e destacado, no final da Segunda Grande Guerra, para a ilha de
Lubang, nas Filipinas. A história real de quem não acreditou que a guerra tinha
terminado e viveu perto de 30 anos escondido na floresta tropical, fugindo da
verdade, convencido que as notícias chegadas eram armadilhas ou estratagemas
montados pelo inimigo para capturar aquele pequeno grupo de guerreiros, fortes
soldados que mataram e roubaram por missão e sobrevivência. Porém, fora de
época e longe da actualidade.
Um filme de guerra após a
guerra, um filme de aventuras na selva, realizado com imensa sensibilidade,
quase ternura, com sentido de estado sobre a missão bélica do derrotado (mas
também com um subliminar sentido de humor, que me levou a recordar «As
Aventuras de Robinson Crusoe» de Luis Buñuel, 1953).
Um filme que estreia de
modo excepcional em tempos da Guerra da Ucrânia e nos leva a reflectir sobre a
verdade dos factos que nos é transmitida e a tentativa fundamental de
chegarmos à verdade.
Se existe um anti-herói
na história mundial das guerras, ele é Hiroo Onoda.
jef, março 2022
«Onoda, 10 000 Noites na
Selva» (Onoda, 10 000 nuits dans la jungle) de Arthur Harari. Com Yûya
Endô, Kanji Tsuda, Nobuhiro Suwa, Issei Ogata, Yûya Matsuura, Tetsuya Chiba, Shinsuke
Kato, Kai Inowaki, Taiga Nakano, Nobuhiro Suwa, Mutsuo Yoshioka. Argumento: Arthur
Harari, Vincent Poymiro, Bernard Cendron. Produção: Nicolas Anthomé, Maud
Berbille, Davy Chou, Anne-Laure Declerck, Antoine Delahousse. Fotografia: Tom
Harari. Camboja, Alemanha, França, Itália, Japão, Bélgica, 2021, Cores, 165
min.
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