É
impossível não olhar para esta comédia outonal como um elogio profundíssimo à cumplicidade
que se estabelece entre os amigos de longa data. Neste caso, entre Isabelle (Marie Rivière) e Magali (Béatrice Romand), uma livreira que em
breve casará o seu filho, a outra viticultora, viúva, um pouco solitária
após a debandada dos filhos de casa. Tanto Isabelle como a namorada do filho de
Magali, Rosine (Alexia Portal), tentam encontrar um namorado para esta. Às escondidas
e com a maior das benevolências. No entanto, Magali está habituada à sua vida
de agricultora, talvez um pouco solitária, sendo extraordinariamente exigente
quanto às companhias masculinas.
Do mesmo modo, parece que estas comédias teatrais só resultam pelo extraordinário conhecimento de palco, do diálogo e de intriga de Éric Rohmer. Igualmente pela cumplicidade com a ancestral produtora Margaret Ménégoz. Porém, nada seria construído sem o particularíssimo savoir-faire familiar, quase doméstico, que unifica o realizador àquelas actrizes: Marie Rivière e Béatrice Romand. Sem a união dérmica entre as duas. A que também se junta, aqui, a bela Alexia Portal.
Se
no Outono, a vindima se aproxima pois as uvas já amadurecem, também esta será a estação para que os mal-entendidos sejam expurgados das mais belas
amizades e da fraternal compreensão, vencendo ainda a chama inicial do tão
desejado amor.
jef,
abril 2022
«Conto
de Outono» (Conte d’Automne) de Éric Rohmer. Com Marie Rivière, Béatrice Romand,
Didier Sandre, Alexia Portal, Alain Libolt, Stéphane Darmon, Aurélia Alcaïs, Matthieu
Davette, Yves Alcaïs. Argumento: Éric Rohmer. Produção: Françoise
Etchegaray, Margaret Ménégoz. Fotografia: Diane Baratier. Música: Claude Marti,
Gérard Pansanel, Pierre Peyras, Antonello Salis. França, 1998, Cores, 112 min.
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