Após dois anos de gravação em vídeo e transmissão digital, o
Auto de Natal, na sua 19.ª edição, volta ao público “real” na belíssima Igreja
do Largo Trindade Coelho, promovido pela Irmandade da Misericórdia de São Roque,
com o patrocínio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Este ano, fugindo à tradição do auto dramático que,
textualmente, representa o nascimento de Cristo, Jacinto Lucas Pires, o autor
do texto, reúne testemunhos e depoimentos em vários bairros lisboetas, de utentes
das unidades e equipamentos associados à Santa Casa.
Escreve António Balcão Reis, Vice-Provedor: “E quantas vezes
será necessário nascer de novo, nascemos quantas vezes? Todas as que seja
necessário. Assim haja coragem e força para renascer. Quantas e quantas
famílias têm de nascer várias vezes para sobreviver, para ultrapassar os
obstáculos, as contrariedades e até os maus tratos físicos e morais que a vida
lhes levanta? Resistem, aquecidas pelos seus ideais, conseguem sobreviver e,
mais do que isso, resistir, renascer e ser felizes.”
Este ano, o encenador Marcos Barbosa propõe um acto dramático
sobre o movimento que as palavras orientam. Uma espécie de círculo mutante
realizado por centenas de actores e dançarinos na nave central da igreja. Quase
todos de branco. Canta-se: “Ser mãe é não dormir à noite”. Este ano, pode
ter-se perdido um pouco a génese cristã da representação original mas ganhou-se
o princípio vital da sobrevivência e da interajuda. Afinal, pelo
que Lucas narra, Maria também saiu a correr para ir ter com a prima Isabel que,
já de idade avançada, engravidara e precisava de apoio.
Ajudar é um bom princípio, sem dúvida!
O Auto de Natal na igreja de São Roque. A ver entre amigos e
com muita festa (e bifanas, também!) Isto é o que na cultura ocidental se chama
Natal, quer se seja cristão, agnóstico ou ateu.
Abraços, beijos e festas felizes. Divirtam-se!
jef, dezembro 2022
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