A
história lança o espectador atrás da nevrótica instabilidade de Rut (Eva
Henning) enquanto acompanhamos a aflição de seu marido Bertil (Birger Malmsten)
que, amando-a, também não a suporta naquela espécie de caos doméstico. Quer
dentro de um quarto em permanente desarrumação, quer num compartimento de
comboio onde, pela noite, a sombra da morte, suicídio ou assassínio, vai-se
insinuando. Um comboio que vem da Sicilia até Estocolmo passando por Basileia.
Numa das estações dois comboios param janela contra janela e Rut é confrontada
com um casal: Raoul (Bengt Eklund) e Astrid (Gaby Stenberg). Raoul, austero e
leviano militar, fora seu amante, de quem estivera grávida e cujo aborto
provocara esterilidade e o fim da carreira como bailarina. Talvez a razão
primordial da sua inconstância.
Depois
surge a história de Viola (Birgit Tengroth), uma antiga relação de Bertil, do
seu psiquiatra Dr. Rosengren (Hasse Ekman), da sua amiga Valborg (Mimi Nelson)…
Histórias cruzadas no tempo e no espaço, como se corrêssemos atrás do
desvario de Rut ou do amor inquieto de Bertil. Terminando com as imagens de um
céu obscurecido ou clarificado pelas nuvens nesse “happy – unhappy” onde se
deseja que até os maus momentos possam ser vividos em comum.
Um filme belo e fragmentado onde cada sequência parece antecipar os filmes que Ingmar Bergman ainda nem teria sonhado realizar. De «Morangos Silvestres» (1957) a «Um Verão de Amor» (1951) ou a «Cenas da Vida Conjugal» (1973).
jef,
agosto 2024
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