sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Sobre o livro «A Prisão» de Georges Simenon, Dom Quixote 1989 (1961). Tradução de Miguel Serras Pereira.



 











«Quantos meses, anos, são precisos para fazer de uma criança um adolescente, de um adolescente um homem? Em que momento se pode afirmar que ocorre a mutação?

Ao contrário do que se passa nos estudos, não há aqui proclamação solene, nem distribuição de prémios, nem diploma.

Alain Poitaud, aos trinta e dois anos, não levou mais do que algumas horas, talvez alguns minutos, para deixar de ser o homem que até então fora e se transformar num outro.»

 

Começa assim a história de um empresário de sucesso no ramo da imprensa social parisiense. Uma empresa que, agora, ocupa quase por completo um grande edifício na Rua de Marignan. Alain tem um casamento estável com Jacqueline, antes Gatinha, como todos a conhecem. Afável e ultra sociável, a todos trata com ternura como “coelhinha” e “coelhinho”. Tem sucesso com as mulheres e é muito respeitado entre pares. Conhece todos os recantos de Paris e os melhores restaurantes e bares onde logo surge sobre o balcão o whisky duplo antes de ele mesmo pedir. O casal habita um amplo e elegante apartamento remodelado a partir de um atelier de pintura, na Rua Fortuny.

A 18 de Outubro, recebe a notícia que lhe alterará a perspetiva do seu confortável mundo.

Uma notícia que o leitor sabe nas páginas iniciais e que não será alterada até à última, já que Georges Simenon coloca a desenfreada intriga nos passos dados pelo protagonista naqueles três dias.

Um livro excepcional escrito por um autor com um génio imparável.

Soberbo!

jef, agosto 2024

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