O grande trunfo deste filme é talvez o que o torna mais vulnerável.
Enfim, incoerências de um espectador baralhado.
Ou seja, a alta comédia de contornos trágicos mede-se pela
categoria dos diálogos que fazem de um western negro um grande painel de
personagens à beira da desgraça e da gargalhada, com uma bela colherada de
leite com cereais atirada ao cabelo do filho, órfão de irmã, lembrando a sátira
do cinema mudo das tartes lançadas à cara do mauzão. Aqui não há figuras más
nem figuras boas. Não há figuras sérias. Há figuras do teatro, mas do teatro verdadeiro.
Todas se vão transformando em potenciais salvadores do mundo ou em «desgraçadores»
da pequena comunidade de Ebbing, Missouri. E como nos melhores filmes americanos,
aqui se fala das questões importantes que preocupam a América (e o Mundo), e que fornece um belo fim de tarde no cinema.
William Willoughby (Woody Harrelson), o ineficaz chefe da
Polícia que devia andar a atrás dos violadores e assassinos de adolescentes,
afinal, é o melhor pai de família e escreve cartas póstumas com arte e estilo salvando moralmente Mildred
Hayes (Frances McDormand), a mãe atormentada e potencial assassina de
potenciais violadores que, depois, se junta a Jason Dixon (Sam Rockwell), o
mais estúpido e racista polícia de Ebbing que, afinal, se torna no ultra eficiente
investigador forense mas que, no final, não
obtém lá grande sucesso.
O melhor do filme é essa coerência trágica dentro da comédia e esta encerrada
em diálogos constantes e loucos ajudando um argumento que, de tantas
reviravoltas, permite que o enorme actor secundário, Sam Rockwell, se torne no
actor principal, revelando ainda mais e por reflexo a grandiosidade expressiva de Frances
McDormand.
Contudo, o dever (humorístico) do argumento de todas as
pontas soltas (e são muitas) terem de bater certo antes do «the end» faz com
que se dilua alguma chama dramática, alguma tensão de «palco».
E, por belos argumentos matreiros e definitivos, enfim coboiadas
geniais, vou rever «O Homem que Matou Liberty Valance» do John Ford, 1962.
jef, janeiro 2018.
já está na calha.... ainda esta semana vou ver!!!
ResponderEliminarUma bela tarde de cinema. um filme cheio de comédia sarcástica! Abraço Rogério!
ResponderEliminarObrigada pelo post gostei muito a história. Gosto muito os filmes de drama eles lidam com tópicos muito delicados e cotidianos que não devem ser negligenciadas. Eu assisti o filme O conto e ancho que é muito bom, tem uma história muito chocante, além de ter uma produção excelente, e o elenco faz um ótimo trabalho. Sem dúvida é um dos melhores filmes drama, boa história e elenco, achei um filme ideal para assistir e refletir, recomendo muito.
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