O propósito do filme de Fatih Akin é claramente
político.
Em Berlim, um ex-traficante de droga Nuri Sekerci (Numan Acar)
cumpre a pena devida, reintegra-se na sociedade, casa-se com Katja (Diane
Kruger) e é pai exemplar de um menino. Até que um dia, uma bomba colocada perto
no local de trabalho mata pai e filho.
No final, como epílogo, surge um esclarecimento sobre o número
de vítimas mortais que uma determinada organização nazi já provocou na Alemanha.
O filme é realizado na totalidade em torno de Diane Kruger
que constrói maravilhosamente Katjia, aquela que carrega a cruz do sofrimento
horrível, da injustiça judicial, da suspeição constante, da vingança final.
Diane Kruger faz eclipsar o filme sob o seu olhar torturado, captado sem filtro
ou atenuante estética, tornando o espaço sempre claustrofóbico mesmo na grande
sala de audiência.
A expressividade da actriz é única e dá à narrativa a
tonalidade plástica que só algumas mulheres conseguem. Dir-se-ia «glamour» ou «sex
appeal», não fosse um filme tão justo contra a ignomínia xenófoba, contra o
horror do nazismo contemporâneo.
Porém, existe uma ânsia no filme em explicar tudo e terminar todas
as pontas narrativas que coloca a personagem Katja numas certas bolandas apressadas
que poderiam ser evitadas para melhor oferecer ao espectador a dor de tão
terrível mas tão actual crime.
Resumindo, «Uma Mulher Não Chora» é um óptimo filme de acção que
deve ser visto por todas as razões. Claro, também pela mais bela Diane Kruger.
jef, janeiro 2018
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