quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Sobre o filme «French Can-Can» de Jean Renoir, 1954














A Grande Ilusão é a própria realidade.
1888. Paris, Pigalle. O Moulin Rouge vai abrir portas. A figura principal é a do seu mentor, Ziegler. Aqui, Danglard (Jean Gabin).
A cidade prepara-se para a grande abertura com o ressurgimento do “can-can”, o renovado French Cancan. E se o ministro inaugurara as fundações do edifício vermelho com Marselhesa e tudo, acabando num expressivo arraial de pancadaria, deixando Danglard entre a veterana Margot, a Bela Abadessa, (Maria Félix) e a estreante Nini (Françoise Arnoul), ambas namoradas do empresário, será o discurso do próprio Danglard sobre as mulheres que ama mas, principalmente, sobre o espectáculo que idolatra, que vai reconciliar as duas mulheres e convencer Nini a ir até ao centro do palco, na apoteótica e comovente cena final.
Não existe filme mais realista sobre a arte mágica do espectáculo.
Não existe melhor filme musical, mais humanamente alegre, sobre a etérea e fugaz fantasia do teatro.
Danglard não vê o início do espectáculo. Está longe do palco, nos camarins, sentado num cadeirão, move um dos pés ao som do french can-can que ele próprio ajudara a criar. A sua alegria está concentrada no que é fantástico e irreal, está fora do palco. Está dentro do mundo!
Por que razão sofrer se a música e a dança estão ali à mão de semear?
Que a humanidade se reconcilie!
Que o espectáculo recomece!

jef, setembro 2018

«French Can-Can» (French Cancan) de Jean Renoir. Com Jean Gabin, Françoise Arnoul, Maria Félix, Gianni Esposito, Franco Pastorino, Valentine Tessier, Philippe Clay, Jean-Robert Caussimon, Dora Doll, Lydia Johnson, Max Dalban, Gaston Modot, Michel Piccoli, Michèle Philipe, Pierre Dlef, Edith Piaf, Patachou. Argumento: Jean Renoir sobre uma ideia de André-Paul Antoine. Cenários: Max Douy. Guarda-roupa: Rosine Delamare. Música: Georges Van Parys. França, 1954, Cores, 102 min.

Sem comentários:

Enviar um comentário