Leslie Feist é uma artista da música real. Das canções do
amor futuro e do amor por haver. Ela não teme o passado.
Feist sabe que o Pop-Rock é uma cultura que se constrói com o
ritmo que alimenta melodicamente a balada que é interrompida pela guitarra
eléctrica que é sustentada pela pausa que depois vai agarrar, no silêncio, a
guitarra acústica. Tudo muito claro e simples, envolto na batida simples e no
eco etéreo de um estúdio que acarinha, no interior, o espraiar acústico, quase
de mantra.
Feist afirma a sua cultura, feita de uma Pop a exigir do
público que distinga e aplauda uma produção feita de quebras, palmas, fracturas,
palavras ditas e restos de gravação que podiam não ficar registadas nas faixas.
Contudo, não dispensa também o amor pela Folk dos grandes espaços florestais
americanos, canadianos. A produção é da própria Feist, de Renaud Letang e Mocky).
Feist deve gostar muito de P.J. Harvey e Nick Cave. Gostará
de Nirvana e Niel Young. Não desdenhará Animal Collective ou Joni Mitchell. Talvez de Beck.
Feist é tutora de um modelo muito próprio que sustém uma fórmula
independente e história, lógica e irracional, produto maior da música que
imprime em quem a escuta o desejo do disco nunca terminar.
jef, setembro 2018
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