É verdade!
Este livro de André Ruivo não repete o grande formato de
«Retratos», 29,5 x 41 cm (2017). «As Aventuras de Qualquer Coisa» apenas repete os
retratos que se tirariam e, depois, imprimiriam em papel, no formato 10x15.
Não tanto «retrato», ao alto, mas «paisagem», pelo baixo. Paisagem que vê a
cidade como suporte dos grandes sapatos, alguns polícias, algum meliante, um
ou outro sonhador. "Espera aí que eu já te tramo."
Paisagens urbanas com seres mais ou menos dialogantes,
perdidos uns dos outros mas, por vezes, encontrados por quem não desejam. Seres
extravagantes apenas porque se interrogam e logo se esquecem da questão que
colocaram. Como em «Mystery Park» (chili com carne, 2012), ligeiras e
perturbadas, londrinas. Mas desta vez com o pantone esquizofrénico de quem já
pensou em ir à praia («O Campo à Beira-Mar», 2015, animação) ou ao circo («O
Circo», 2017, animação).
André Ruivo insiste e conquista um espaço único que é apenas
seu mas cujas fronteiras plásticas se vão alargando. Por isso, um
espaço reconhecível pelos seus leitores. Contudo, abrangente, sempre mutante. Como
se as imagens e as palavras desejassem a metamorfose constante que o autor
lhes impõe.
jef, setembro 2018
Sem comentários:
Enviar um comentário