sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Sobre o disco «Anthem» de Madeleine Peyroux, Decca / Universal, 2018












Quando me apercebi que a canção «Anthem» era o hino da esperança desesperada que Leonard Cohen colocara a meio do álbum «The Future», editado pela Columbia, compreendi que a sua conterrânea Madeleine Peyroux também tinha o direito de agitar a tradição do seu próprio mundo com a ligeireza da pop, do funk, da soul, desse groovy quantas vezes apenas ligeiramente ligeiro. Assim é a produção do disco «Anthem» às mãos do ultra veterano Larry Klein. Mais pop, mais dançável, talvez mais profundo.

Em 1992, «The Future» foi contestado (ou estranhado) pelas caixas de ritmos, pela batida fundo-de-bar, pelos coros femininos que completavam os agudos e lançavam laivos delicodoces no paradigma da música «tão séria» de Leonard Cohen. Contudo, o disco foi premiado, foi dançado, tornou-se uma espécie de hino rejeitando o imobilismo de estilo, reformulando fórmulas, dando conceito aos pré-conceitos.

A canção «Anthem» é uma homenagem ao futuro daquilo que sempre pode desaparecer e devemos ter a consciência de ainda agarrar.

Também Madeleine Peyroux tornou-se no paradigma de, por mais que faça, associar a carreira ao futuro de uma tradição musical da folk ajazzada que sempre gosta de tocar as cordas do amorável.

Se estranharmos o disco «Anthem» por roçar o limite do popular lírico é que a cantora tem todo o direito a explorar as fronteiras de um mundo há muito conquistado. Desde «Dreamland» (1996).

«Anthem» significa mesmo “hino”.

jef, setembro 2018

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