O mais interessante na exposição é o facto de colocar o neorrealismo
como uma classificação em permanente desajuste face aos autores que aí se pretende agrupar. Principalmente Fernando Namora.
No texto inaugural, muito esclarecedor, diz-nos como Fernando
Namora, ao longo da sua carreira, sempre se foi auto-excluindo de um movimento
sem prévia definição, afinal sempre motivado muito mais pela espontânea
volição criativa de escritor do que pela premeditação associativa ou social.
Em seguida, refere o característica vincadamente paisagística
que a sua obra evidencia, numa perspectiva de descrição geográfica onde as
personagens se movem entre brenhas e penhascos, tristezas graníticas,
enquadramentos arbóreos, aldeias enclausuradas. Fernando Namora, ele próprio
também era pintor.
Por último, fala do seu desejo de ficcionista e de
transfiguração da realidade (e do «realismo»).
Fernando Namora amava a realidade e o seu movimento constante. É o
autor sensível e amável de um dos mais belos livros sobre profissões, povos
e rochas. «Retalhos da Vida de Médico» (1949).
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