sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Sobre o filme «Joker» de Todd Phillips, 2019













O mais interessante do filme é a transfiguração que provoca no espectador começando este por não o levar muito a sério, julgando que vai ver mais uma vez o Joker fazer muitas patifarias na decadente, poluída, suja e infestada de ratos, Gotham City, anos de 1980, e acaba por ser transportado até à angústia demente e demoníaca de Arthur Fleck / Joker (Joaquin Phoenix), compreendendo-lhe as dores e o riso infeliz, desde o sonho em assistir ao show televisivo, protagonizado pela magnífica figura criada por Robert de Niro, até à explosão catártica da sua participação real nesse show, deixando Joaquin Phoenix uma marca permanente na criatividade emocional e dramática da célebre figura da DC Comics.

O actor extrapola a sua imagem e o conceito que temos das suas "auto-elogiosas" interpretações anteriores, para atingir um nível visual superior, de expressão fisionómica e expressão emocional, que deixa o espectador numa espécie de desconforto latente, de solidariedade-rejeição, desejando mesmo que chegue em breve o nosso justiceiro Batman e do seu acólito Robin.

Para a transformação de super-herói de banda desenhada em realidade urbana contemporânea bem que concorrem a música de Hildur Guðnadóttir e a fotografia de cores, ora saturadas ora moribundas, de Lawrence Sher.

jef, outubro 2019

Phillips, Todd «Joker». Com Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Frances Conroy, Brett Cullen, Marc Maron, Bill Camp, Shea Whigham, Glenn Fleshler, Douglas Hodge, Brian Tyree Henry. Argumento: Todd Phillips e Scott Silver. Música: Hildur Guðnadóttir, Fotografia: Lawrence Sher. EUA / Canadá, 2019, Cores, 122 min.

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