Já as
5 horas e 17 minutos de «Happy Hour: Hora Feliz», o anterior filme de Ryûsuke
Hamaguchi, para além da extravagante duração, deixava um certo suspense sobre a
vida comum das personagens. Uma excelente gestão da intriga sobre o tempo de
quem vive num Japão que tem ainda a guerra perdida e a tradição ancestral como
garantes do cerimonioso silêncio e da parcimónia no contacto humano.
Também esta
«love story» contém a estranheza e o suspense a envolver a trajectória da
bela Asako (Erika Karata) que se apaixona à primeira vista pelo belo e libertário Baku (Masahiro
Higashide) quando se encontram numa exposição de fotografia. Ela olha as imagens de crianças gémeas. Mais tarde, encontra Baku na pele de um eficiente trabalhador de uma firma de saqué, Ryohei (também, Masahiro Higashide). O coração
de Asako balança entre amores parecidos mas distantes no tempo e na geografia. A duplicidade é o mote e a similitude na génese da memória persegue-a. Pelo meio, um gatinho simpático, Jintan.
Pode o
filme não ser muito mais do que isso mas a sinceridade e a entrega dos actores perante
as dificuldades emocionais provocadas pela memória no amor vale bem o bilhete
de cinema.
jef,
outubro 2019
«Asako I
e II» (Netemo Sametemo) de Ryûsuke Hamaguchi. Com Masahiro Higashide, Erika
Karata, Sairi Itô, Koji Seto, Rio Yamashita. Argumento: Ryûsuke Hamaguchi e Sachiko
Tanaka segundo o romance homónimo de Tomoka Shibasaki. Japão / França, 2018,
Cores, 119 min.
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