Pode
dizer-se que é um filme sobre falhados. Tudo aqui falha, a começar
pela sociedade e a acabar nos planos, quando existem. Dirá, finalmente, o pai
de família. Todos desempregados, pai, mãe, filho e filha, paupérrimos, a viver
de expedientes, encontram um modo de vida mais duradouro. Parasitar uma família
de ricalhaços parasitas, pai, mãe, filha e filho, americanizados, mascarando-se
de índios, a viver numa mansão de estilo e assinatura.
É
interessante que o filme que parece vir da comédia americana, com tartes de
chantili espetada na cara à Abbott & Costello, é também perversamente sanguinário
e estilizadamente politizado. Parece-se com o «Shoplifters: Uma Família de
Pequenos Ladrões» de Hirokazu Kore-eda (2018) ou com «Felicidade» de Todd
Solondz (1998), também com o sangue vermelho vivo de «Pulp Fiction» de Quentin
Tarantino (1994), misturado com a vivacidade política “nouvelle vague” de «Band
à Part» de Jean-Luc Godard (1964) ou com o subterrâneo social de «Underground»
de Emir Kusturica (1995). Tudo me foi ocorrendo pelo meio do filme. Será isso
um bom sinal?
jef,
outubro 2019
«Parasitas»
(Gisaengchung) de Bong Joon Ho. Com Kang-ho Song, Sun-kyun Lee, Yeo-jeong Jo,
Woo-sik Choi, Hye-jin Jang, So-dam Park. Música: Jeong Jae-il. Fotografia: Hong
Kyung-pyo. Coreia do Sul, 2019, Cores, 132 min.
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