quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Sobre o filme «Parasitas» de Bong Joon Ho, 2019















Pode dizer-se que é um filme sobre falhados. Tudo aqui falha, a começar pela sociedade e a acabar nos planos, quando existem. Dirá, finalmente, o pai de família. Todos desempregados, pai, mãe, filho e filha, paupérrimos, a viver de expedientes, encontram um modo de vida mais duradouro. Parasitar uma família de ricalhaços parasitas, pai, mãe, filha e filho, americanizados, mascarando-se de índios, a viver numa mansão de estilo e assinatura.

É interessante que o filme que parece vir da comédia americana, com tartes de chantili espetada na cara à Abbott & Costello, é também perversamente sanguinário e estilizadamente politizado. Parece-se com o «Shoplifters: Uma Família de Pequenos Ladrões» de Hirokazu Kore-eda (2018) ou com «Felicidade» de Todd Solondz (1998), também com o sangue vermelho vivo de «Pulp Fiction» de Quentin Tarantino (1994), misturado com a vivacidade política “nouvelle vague” de «Band à Part» de Jean-Luc Godard (1964) ou com o subterrâneo social de «Underground» de Emir Kusturica (1995). Tudo me foi ocorrendo pelo meio do filme. Será isso um bom sinal?

jef, outubro 2019

«Parasitas» (Gisaengchung) de Bong Joon Ho. Com Kang-ho Song, Sun-kyun Lee, Yeo-jeong Jo, Woo-sik Choi, Hye-jin Jang, So-dam Park. Música: Jeong Jae-il. Fotografia: Hong Kyung-pyo. Coreia do Sul, 2019, Cores, 132 min.

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