Só agora
me chega aos ouvidos «Born to Die».
Aplaudido,
criticado, rechaçado, divinizado, suspeitado… Cinco anos depois, alguma
história ficou da discussão? Não acredito.
Existe qualquer
coisa envelhecida, algum pó ligeiramente cediço depositado sobre as 12 longas
faixas que deixa fechados os ouvidos de quem as escuta, que as torna lineares.
Esquecidas.
Figura
vintage a lembrar os terríveis anos 50. Puros, belos, atómicos, frios e
bélicos. Americanos. Um ar a tocar a desmilinguida colegial atrevidota, lábios
carnudos, físicos, quase virtuais… Mas figuras não se escutam, apenas indicam.
A produção
é mesmo muito boa de Emile Haynie, apesar de soar a limpa como água destilada.
As canções escritas por Lana Del Rey, Tim Larcombe e Jim Irvin, envoltas em
arranjos e orquestrações modelares, perfeitos, mas sem golpe de génio que faça
distinguir umas das outras. Interessantes os arranjos do naipe de cordas de
Larry Gold (talvez mesmo o mais interessante). Letras entre a depressão, o fora
da lei, a droga, o amor transviado. Um toque de sangue e rosas adequadamente
honesto. Canções irrepreensíveis para acompanhar a gama Classe E da Mercedes
Benz ou a fragância “brand new old oak” da Lâncome. Já terão convidado Lana Del
Rey para o genérico do mais recente, polido e de estilo, 007 – agente preferencial da MI6?
As faixas
vão tocando e acusam a minha ancestral memória auditiva e cognitiva, sempre
errónea e errática, a fazer prevalecer o velho ouvido sobre a recente e linda
Lana: Moloko & Róisín Murphy, Anita Lane, Anna Calvi, Julie Cruise, Kate
Bush,… até Madonna ou Britney Sprears.
Mas,
enfim, o facto é que continuo a ouvir «Born to Die» de Lana Del Rey… «Million
Dollar Man» é uma boa canção!
jef,
outubro 2017
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