Chico Buarque tem uma perpétua voz de menino que ultrapassa o
limite do horizonte e a idade. Não descura a melodia que cada palavra incrusta na
orquestração. Procura o tema com a doçura política da poética não temendo
resolver questões ditas «fracturantes» ou «modernistas» ou «facebookianas» com
um naipe de cordas ou um vaipe de sopros ou um acordeão a tocar a valsa musette
sobre a suprema união amorosa contra a suprema decisão do destino.
Basta ouvir a alegre e triste primeira faixa «Tua Cantiga».
Basta ouvir a desesperada e esperançosa última faixa «As Caravanas».
Quem nunca ficou preso a Chico Buarque nunca terá ouvido uma
única cantiga a tocar na rádio, «não terá lido as rimas que o músico nunca
escreveu, não se apaixonou pois ninguém nunca se apaixonou».
Chico Buarque em «Caravanas» volta a não ter idade e merece
um prémio Nobel da Química do físico e do Corpo das palavras.
jef, outubro 2017
Sem comentários:
Enviar um comentário