Existe qualquer coisa de incompreensível neste filme. Melhor,
inexplicável.
O filme parece começar por uma história a lançar raízes na difícil
maternidade quase infantil em terras do México, criando a expectativa de irmos
assistir a um desses filmes-denúncia ao jeito dos irmãos Dardenne, de Brillante Mendoza ou Stéphane Brizé. Aqueles filmes que precisamos de ver para suster a
respiração e compreender como a economia anti-social transtorna o bem-estar no
mundo.
Uma mãe chega Puerto Vallarta para ajudar uma quase criança
de 17 anos, que vive com a meia-irmã, a ter a sua neta. Rica, amiga apesar de
ausente, voluntariosa e estratégica, vai ajudar a serenar um quadro que poderia
ser desastroso. Contudo…
Acabamos por assistir a uma série de peripécias rocambolescas
e manhosas arquitectadas por uma Rainha Má que vai espalhando maçãs envenenadas
por todos os penosos 103 minutos de exibição.
Claro que a realização é rápida e eficaz. O argumento cheio
de reviravoltas. As actrizes cumprem muito bem a tarefa para que foram
contratadas, principalmente as bebés que fazem de Karen, a pobre nascitura. O
espectador fica em pulgas com uma criança sempre a chorar desesperada… mas e
depois?
Ficamos sem dogma ou conclusão, alerta ou moral, acção
política, cultural ou social. Ficamos sem a beleza de códigos. E o cinema faz-se
de códigos, já dizia Deleuze, e uma telenovela não tem códigos, não tem beleza.
Uma telenovela não é cinema!
jef, julho 2018
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