sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Sobre o disco «Right as Rain» de Madalena Palmeirim, 2019

 

 
























O disco tem o condão de me relembrar, ao longo das 12 canções, o universo heterogéneo, embora coerente e uníssono, da música popular que povoa as prateleiras dos meus discos. América, Brasil, Cabo Verde, Portugal têm em comum belos povos que constroem belas cantigas vindas de harmonias e ritmos eternamente reconhecíveis.

Madalena Palmeirim recolhe-se não sobrepondo presunção musical às melodias ternamente visitadas, aos arranjos expostos de modo simples, aos poemas mais nostalgicamente amorosos. Por outro lado, contém essa simplicidade silenciosa e amável que une pela força as diversas latitudes do tal folk universe.

O mais curioso é, exactamente, o modo veemente como a música de Madalena Palmeirim me faz lembrar o à-vontade, a reverência iconoclasta pela música tradicional que têm Zeca Afonso ou António Variações. Também a intimidade meio country-folk meio recolhimento-de-lareira de Gillian Welch, Will Oldham ou Devendra Banhart. Ou o modo despojado mas despudorado como Marisa Monte ataca o samba ou Lucibela, a morna. Ou como Feist ou Cat Power abraçam o mundo eléctrico para reorganizar o velho poder dos blues.

Não tenho qualquer dúvida, «Right as Rain» é um disco que não vou conseguir parar de ouvir.


jef, novembro 2020

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