O
disco tem o condão de me relembrar, ao longo das 12 canções, o universo heterogéneo,
embora coerente e uníssono, da música popular que povoa as prateleiras dos meus
discos. América, Brasil, Cabo Verde, Portugal têm em comum belos povos que
constroem belas cantigas vindas de harmonias e ritmos eternamente
reconhecíveis.
Madalena
Palmeirim recolhe-se não sobrepondo presunção musical às
melodias ternamente visitadas, aos arranjos expostos de modo simples, aos poemas mais nostalgicamente amorosos. Por outro lado, contém essa
simplicidade silenciosa e amável que une pela força as diversas latitudes do tal folk universe.
O
mais curioso é, exactamente, o modo veemente como a música de Madalena
Palmeirim me faz lembrar o à-vontade, a reverência iconoclasta pela música
tradicional que têm Zeca Afonso ou António Variações. Também a intimidade meio country-folk meio recolhimento-de-lareira de Gillian Welch, Will Oldham ou Devendra Banhart. Ou o modo despojado mas despudorado como Marisa Monte ataca
o samba ou Lucibela, a morna. Ou como Feist ou Cat Power abraçam o mundo
eléctrico para reorganizar o velho poder dos blues.
Não
tenho qualquer dúvida, «Right as Rain» é um disco que não vou conseguir parar de
ouvir.
jef,
novembro 2020
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