sábado, 12 de dezembro de 2020

Sobre o livro «Coleccionadores» de Mário de Carvalho. Raiz Editora, 1995.

 









Este é um dos livros da minha biblioteca pequenina (1). Prezo tanto esta como a outra, a dos calhamaços. Dela continuarei a dar notícia, numerando os tomos por facilidade coleccionista, agora que ando arrumar estantes.

O conto «Coleccionadores» é retirado da terceira parte do primeiro livro de Mário de Carvalho «Contos da Sétima Esfera», inicialmente editado pela Vega em 1981.

O volume é o número 3 da colecção “Baratinha” e tem mesmo como símbolo um simulacro do artrópode parasita. Tem 30 páginas em formato de fotografia ao estilo da já esquecida viagem ao santuário do Sameiro ou da bênção das fitas de formatura da neta. 10,5 x 15 cm. Dirigida por Cristina Duarte e Graça Magalhães. Tem duas interessantes ilustrações, presume-se, do director gráfico João Botelho. Ainda inclui uma apresentação do texto, «A Aventura de Ler», doutamente escrita por Teresa Almeida, onde nos são explicadas as diferentes directrizes que conduzem a vertente onírica e fantástica da imaginção louca de Mário de Carvalho, alicerçada na teoria de Tzevetan Todorov sobre a aceitação do caso como pura fantasia literária ou, mais além, como realidade gerida por leis ainda a descobrir. Enfim, teorias!

Tudo num invejável apuro editorial, muito limpo, bem maquetado, com ISBN e Depósito Legal. E, claro, texto integral. Tudo muito explicadinho não vá o super-narrador e falido personagem contador da história (ou o seu amigo Diniz Álvares, emergente coleccionador de mapas falsos) deixar de acreditar na futura Guerra das Nações provocada pela feroz capacidade geográfica de um pingo tanino de vinho sobre um velho planisfério.

Mário de Carvalho é um dos grandes contadores da literatura em português, como é prova esta grande narrativa contada em 15 páginas pequeninas.

Viva a leitura em tempos de Natal farrusco, chuva parva e pandemia pirata!


jef, dezembro 2020

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