Este
livro não é para fracos.
Um
pequeno grande tratado sobre antropologia filosófica, ou seja, sobre essa forma
de “mostrar como da estrutura fundamental do homem derivam todos os seus
monopólios, todas as suas produções e obras específicas”. A partir de uma
conferência dada em 24 de Abril de 1927, Max Scheler desenvolve um fascinante e
vigoroso périplo que se inicia com o centralizador impulso da planta, passa
pelo instinto e pela inteligência prática dos animais, e chega ao homem que
reconhece o objecto no espelho eidético do espaço e do tempo mas, recusando e
sublimando o impulso para a realidade, vai reencontrar-se com o espírito que se
afigura mais além. Nesse ponto médio entre a energia vital e o espírito, ele
depara-se com o ser no mundo, o cosmo, e, para lá, com uma divindade por
construir. Quer dizer que o homem fugindo do nada atómico acaba por descobrir
um Deus incompleto, ou seja, regressa afinal dessa imensa viagem com uma mão
aparentemente cheia de muito pouco. Ao longo deste sinuoso percurso poderão ter
errado Platão, Tomás de Aquino, Darwin, Hegel, Marx, Freud, Husserl, ou
sobretudo Descartes. Porém, Buda e Hölderlin terão acertado. Numa escrita
simples, pedagógica, viva, por vezes a tocar o humor, Max Scheler explica o
inexplicável: o que é e onde está o homem, rematando sem qualquer tipo de
contemplações: “a metafísica não é nenhuma companhia de seguros para homens
fracos, com necessidade de apoio”.
jef, agosto 2008
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