O filme é, acima de tudo, Stella. A personagem trazida pela mão de Ana Padrão. A sua angustiada bipolaridade, a arrastada demência, a
serenidade falsa e depressiva, conseguem criar a densidade que talvez o filme, de
outro modo não teria, centrado na própria bipolaridade entre as cenas musicais
de palco e aquelas outras, campo-contra-campo, onde meliantes e gerentes da
noite trocam palavras azedadas e violência contida. Até que, depois, ...
Este filme é Manuel João Vieira, a sua figura Zampino, a sua
escolha musical, os Ena Pá 2000, as suas starlets, que fazem de um filme
simples, um bom filme musical.
Este filme também é John Ventimiglia que interpreta Veebie, o
arrasador apresentador, que ilumina as noites do Cabaret Maxime, aquela figura
que faz acreditar nas noites de Lisboa que já desapareceram, que lembra Tom Waits.
Como um filme comum se pode tornar um filme muito simples. Sustentável e coerente.
jef, junho 2018
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