E qual a razão de, num livro ilustrado, darmos sempre o
primeiro crédito ao texto escrito e o segundo lugar ao texto desenhado? Qual a
razão, o critério, a hierarquia?
Tradição cultural?
Neste caso, a discussão pouco importa, pois a estrutura das
28 páginas, sem contar a capa, impõe o paralelismo absoluto entre o texto de Carlos
Alberto Machado e as ilustrações (e, suspeito, grafismo e maquetação) de João
Concha. Nestas 12 histórias para a menina Inês, ela entra, entram também os
amigos e família, sonhos, dúvidas, areias e marés, num certo rodopio literário
onde as personagens pintam tanto as ilustrações como deixam manchas gráficas
por baixo (ou por cima) do texto. Digamos que o papel munken pure torna-se «manuseado»,
«relido», como se estivesse sujo pelo tempo que a infância exige para uso
próprio. A própria dimensão, 20 x 20cm, deixa-nos prontos para revirar as
páginas de modo circular… a dita quadratura!
Como qualquer livro fala-se ainda de viagens, carros, cães, pais
natais, amigos imaginários e dos outros. Enfim, a vidinha…
É o terceiro número da Colecção Alice e eu tenho a sorte de
ter um exemplar comigo. É o octagésimo terceiro de 100 exemplares. Um facto que
está manuscrito na última página, em estilo e estética.
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