Perto da cidade de Marselha, durante o Verão sem aulas, um
grupo de jovens, mais ou menos motivados pela imposição do centro de formação,
reúnem-se num atelier de escrita narrativa moderado pela autora de livros
policiais Olivia Dejazet (Marina Foïs). Terão de discutir, organizar e escrever
uma ficção policial. O tema é livre.
O que faz este filme mesmo muito cativante, diria
estratégico, se o enquadrarmos nessa boa categoria de filmes sociais que a cinematografia
francófona nos tem dado, é o facto de colocar o espectador entre a perspectiva
social e histórica de uma região de combate operário, cuja mistura étnica e
religiosa lhe acrescenta um outro e importante grau de conflituosidade e, por
um lado, o lado íntimo, quase voyeurista, de quem teima em escrever e, para
isso, deseja ir mais longe, investigar, ceder, tocar talvez o lado proibido da privacidade.
O melhor do filme é exactamente essa estratégia de conflito
que se vai estabelecendo num crescente modo de filme policial (sem policias)
entre a voluntariosa escritora que anseia que o editor aprove a sua prosa
menos inspirada, e Antoine (Matthieu Lucci) que, apesar da sua escrita mais viva
despertar alguma inveja em Olivia, teima o confronto com o tédio a que a sua
adolescência sem grande futuro o obriga.
jef, junho 2018
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