É fácil dizer que este é um dos mais belos filmes o mundo.
Observa a lenta estratégia de nele nada se passar, para além
do Tempo.
Apenas podemos contar com a cerimónia e os sorrisos trocados entre
Shukichi (Chishu Ryu), o velho pai, e Noriko (Setsuko Hara), a filha que o
acompanha com alegria e devoção. Assim deve ser a vida: as gerações passam, a
guerra terminou, os costumes americanizam-se. A tal vida passa. O casamento
impõe-se. E a fantástica cena no teatro kabuki revela tudo. O pai sorri e acena
a uma mulher que sorri também. A filha repara e o olhar tolda-se, perde a
serenidade, revela a surpresa, a incompreensão, talvez o ciúme. Certamente, o
fim de uma alegria que pensava sem termo.
Por fim, a filha casa-se tristemente. O pai regressa a casa e
senta-se num cadeirão a descascar uma maçã. A casca fica suspensa e, num
instante, quebra-se. A cabeça pende. E o mar devolve a verdadeira eternidade da
solidão.
Sim, é um dos mais belos filmes do mundo!
jef, junho 2018
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