São 13 histórias escritas por Italo Calvino entre 1949 e
1967, pela primeira vez assim reunidas em edição portuguesa. São 13 aventuras
representantes do estado de miniatura, minúcia e, digamos, materialismo afectivo,
que ensopa toda a sua escrita. Como se fossem 13 exercícios psico-filosóficos
sobre o ‘acto amoroso’, esse que, ao longo dos dias e dos anos, ficará eternamente
para trás em detrimento das circunstâncias que o criou ou despoletou.
Desde «A Aventura de um Soldado» ou «A Aventura de um
Bandido» ou «A Aventura de uma Mulher Casada» que marca a vertente emocional de
uma certa luta de classes, até «A Aventura de um Fotógrafo», «A Aventura de
um Poeta» ou «A Aventura de um Míope» marcando o existencialismo da vocação
criativa face à insatisfação da imagem concretizada.
O apuro narrativo-descritivo de «A Aventura de uma Banhista»,
«A Aventura de um Viajante» ou a derradeira «A Aventura de um Automobilista»
eleva este conjunto de contos à bitola académica dos textos que devem ser
tentados e copiados por todos os que desejam escrever!
Felizmente, uma réstia de esperança (ou entendimento) reside
no maravilhoso ‘desencontro horário’ de «A Aventura de um Casal».
Italo Calvino é único no pormenor libertário, na busca do
reflexo fantasioso do mundo que brilha no cristalino de quem o está a olhar. A reler, sempre!
Pena ser a tradução de José Colaço Barreiros apressada e
pouco exigente, pouco revista, sem ter em conta as devidas diferenças
sintácticas ou diegéticas entre o italiano e o português. Mais do que em
qualquer outro autor traduzido, o mérito da tradução está no pormenor. Está na
vírgula que conduz sem tropeções a leitura pelo brilho aquático e
mediterrânico de Calvino. Não é o caso.
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