Rosario (Rosario Granados) é
mãe extremosa de Carlitos e esposa devota do antiquário Carlos (Julio Villareal).
Vive recatadamente sem o amar até se apaixonar por Julio (Tito Junco),
engenheiro que traz de volta à casa paterna Carlitos quando este foge após ter
sido acusado de ter roubado na escola. Rosario recusa-se a fugir com Julio
quando o marido adoece… Assim principia o melodrama centrado na belíssima
actriz Rosario Granados, filmado à pressa em 20 dias, remake, plano a plano, do
filme francês «Pierre et Jean» de Andrè Cayatte (1943) segundo o conto de Guy
de Maupassant, segundo Luis Buñuel.
Sobre o filme Luis Buñuel ainda diz: «É o pior de todos os meus filmes».
Todos dizem mal mas, agora,
olhado quase 70 anos depois, apesar de se reconhecer que não contém um único
dos símbolos buñuelianos: de animais, apenas umas trutas; de carne, sangue,
desejos e cenas oníricas, ainda menos… repito, apesar de tudo, ainda poderemos
torcer a coisa e ver nele uma história criticamente burguesa, sobre a submissão
total feminina ao estatuto social do pai todo poderoso que, inclusive, ajuda a
esconder o adultério para manter a família incólume ao preconceito alheio.
Na última cena, a viúva, perto da
lareira, coloca a fotografia do amante e volta ao seu tricot… Uma imagem
terrível que simboliza esses longínquos anos 50 do século passado. Rosario
Granados lembrou-me Julianne Moore em «Longe do Paraíso» (Todd Haynes, 2002) e
isso reconciliou-me com o dramalhão!
jef,
julho 2019
«Uma Mulher Sem Amor» (Una Mujer Sin Amor) de Luis Buñuel. Com Rosario Granados, Julio Villareal, Joaquin Cordero, Xavier Loyá, Tito
Junco, Jaime Calpe, Elda Peralta, Eva Calvo. Argumento: Jaime Salvador e Luis
Buñuel, baseado no conto ‘Pierre et Jean’ de Guy de Maupassant. Fotografia: Raul
Martinez Solares; Música: Raúl Lavista. Produtor: Internacional Cinematográfica
/ Sergio Kogan. 1951, México, P/B, 82 min.
Sem comentários:
Enviar um comentário