sexta-feira, 26 de julho de 2019

Sobre o filme «Uma Mulher Sem Amor» de Luis Buñuel, 1951















Rosario (Rosario Granados) é mãe extremosa de Carlitos e esposa devota do antiquário Carlos (Julio Villareal). Vive recatadamente sem o amar até se apaixonar por Julio (Tito Junco), engenheiro que traz de volta à casa paterna Carlitos quando este foge após ter sido acusado de ter roubado na escola. Rosario recusa-se a fugir com Julio quando o marido adoece… Assim principia o melodrama centrado na belíssima actriz Rosario Granados, filmado à pressa em 20 dias, remake, plano a plano, do filme francês «Pierre et Jean» de Andrè Cayatte (1943) segundo o conto de Guy de Maupassant, segundo Luis Buñuel.

Sobre o filme Luis Buñuel ainda diz: «É o pior de todos os meus filmes».

Todos dizem mal mas, agora, olhado quase 70 anos depois, apesar de se reconhecer que não contém um único dos símbolos buñuelianos: de animais, apenas umas trutas; de carne, sangue, desejos e cenas oníricas, ainda menos… repito, apesar de tudo, ainda poderemos torcer a coisa e ver nele uma história criticamente burguesa, sobre a submissão total feminina ao estatuto social do pai todo poderoso que, inclusive, ajuda a esconder o adultério para manter a família incólume ao preconceito alheio.

Na última cena, a viúva, perto da lareira, coloca a fotografia do amante e volta ao seu tricot… Uma imagem terrível que simboliza esses longínquos anos 50 do século passado. Rosario Granados lembrou-me Julianne Moore em «Longe do Paraíso» (Todd Haynes, 2002) e isso reconciliou-me com o dramalhão!

jef, julho 2019

«Uma Mulher Sem Amor» (Una Mujer Sin Amor) de Luis Buñuel. Com Rosario Granados, Julio Villareal, Joaquin Cordero, Xavier Loyá, Tito Junco, Jaime Calpe, Elda Peralta, Eva Calvo. Argumento: Jaime Salvador e Luis Buñuel, baseado no conto ‘Pierre et Jean’ de Guy de Maupassant. Fotografia: Raul Martinez Solares; Música: Raúl Lavista. Produtor: Internacional Cinematográfica / Sergio Kogan. 1951, México, P/B, 82 min.

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