Azinheira
Quercus rotundifolia
Lam.
Família
Fagaceae (Fagáceas)
Poderá
parecer estranho o facto de uma árvore que simboliza o Sul de Portugal, que
transporta, com os seus montados, um regime integrado e de excelência para a
pastorícia, a apicultura, a cinegética ou o turismo, tenha ao mesmo tempo a sua
área de distribuição ameaçada.
Espécie
perenifólia que pode atingir 20 metros de altura se as podas a que
frequentemente a sujeitam, e lhe transformam a copa nessa espécie de taça
aberta, não forem excessivas. O tronco é coberto por um espesso ritidoma acinzentado
e bastante fendido. As folhas são elípticas, coriáceas, de margem dentada ou
espinhosa, com a página inferior coberta de pêlos que lhes dão uma tonalidade
esbranquiçada.
A
bolota é a glande mais doce dos carvalhos e a preferida pelos animais selvagens
e pelas varas de porco de montanheira. A regeneração e dispersão são promovidas
pela acção natural de gralhas e pombos. Contudo, tal desenvolvimento é muitas
vezes impedido pelo sobre-pastoreio ou pelas searas cerealíferas que lhes estão
associadas, deixando as árvores dispersas na paisagem. A sua madeira é densa e
pesada, difícil de trabalhar, mas é uma excelente fonte de lenha e carvão.
Adapta-se
bem tanto a solos calcários como a solos siliciosos e estende-se pelas áreas do
Alentejo e Algarve, pelo interior Norte de Portugal até à terra quente
transmontana, embora a sua distribuição tenha sido reduzida pela expansão
aquática da barragem do Alqueva e as posteriores culturas de regadio. Muito importante
para o modo tradicional de uso-fruto do homem mas também para a conservação da
biodiversidade de um ecossistema único.
Uma
árvore que faz parte do imaginário das longas e belas planícies alentejanas, de
canções que ajudaram a alterar o país e até da católica mitologia mariana, deve
ser sujeita à atenção de todos e ao cuidado sistematizado da sociedade.
jef,
março 2020
Grândola, vila morena
Grândola,
vila morena
terra
da fraternidade
o
povo é quem mais ordena
dentro
de ti ó cidade.
Dentro
de ti ó cidade
o
povo é quem mais ordena
terra
da fraternidade
Grândola,
vila morena.
Em
cada esquina um amigo
em
cada rosto igualdade
Grândola,
vila morena
terra
da fraternidade.
Terra
da fraternidade
Grândola,
vila morena
em
cada rosto igualdade
o
povo é quem mais ordena.
À
sombra duma azinheira
que
já não sabia a idade
jurei
ter por companheira
Grândola
a tua vontade.
Grândola
a tua vontade
jurei
ter por companheira
à
sombra duma azinheira
que
já não sabia a idade.
José
Afonso in «Cantigas de Maio» (1971)
* botânica
* botânica
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