sábado, 21 de março de 2020

Azinheira Quercus rotundifolia Lam.














Azinheira
Quercus rotundifolia Lam.
Família Fagaceae (Fagáceas)

Poderá parecer estranho o facto de uma árvore que simboliza o Sul de Portugal, que transporta, com os seus montados, um regime integrado e de excelência para a pastorícia, a apicultura, a cinegética ou o turismo, tenha ao mesmo tempo a sua área de distribuição ameaçada.

Espécie perenifólia que pode atingir 20 metros de altura se as podas a que frequentemente a sujeitam, e lhe transformam a copa nessa espécie de taça aberta, não forem excessivas. O tronco é coberto por um espesso ritidoma acinzentado e bastante fendido. As folhas são elípticas, coriáceas, de margem dentada ou espinhosa, com a página inferior coberta de pêlos que lhes dão uma tonalidade esbranquiçada.

A bolota é a glande mais doce dos carvalhos e a preferida pelos animais selvagens e pelas varas de porco de montanheira. A regeneração e dispersão são promovidas pela acção natural de gralhas e pombos. Contudo, tal desenvolvimento é muitas vezes impedido pelo sobre-pastoreio ou pelas searas cerealíferas que lhes estão associadas, deixando as árvores dispersas na paisagem. A sua madeira é densa e pesada, difícil de trabalhar, mas é uma excelente fonte de lenha e carvão.

Adapta-se bem tanto a solos calcários como a solos siliciosos e estende-se pelas áreas do Alentejo e Algarve, pelo interior Norte de Portugal até à terra quente transmontana, embora a sua distribuição tenha sido reduzida pela expansão aquática da barragem do Alqueva e as posteriores culturas de regadio. Muito importante para o modo tradicional de uso-fruto do homem mas também para a conservação da biodiversidade de um ecossistema único.

Uma árvore que faz parte do imaginário das longas e belas planícies alentejanas, de canções que ajudaram a alterar o país e até da católica mitologia mariana, deve ser sujeita à atenção de todos e ao cuidado sistematizado da sociedade.

jef, março 2020


Grândola, vila morena

Grândola, vila morena
terra da fraternidade
o povo é quem mais ordena
dentro de ti ó cidade.

Dentro de ti ó cidade
o povo é quem mais ordena
terra da fraternidade
Grândola, vila morena.

Em cada esquina um amigo
em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
terra da fraternidade.

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
em cada rosto igualdade
o povo é quem mais ordena.

À sombra duma azinheira
que já não sabia a idade
jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade.

Grândola a tua vontade
jurei ter por companheira
à sombra duma azinheira
que já não sabia a idade.

José Afonso in «Cantigas de Maio» (1971)

* botânica

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