quarta-feira, 4 de março de 2020

Sobre o filme «O Lago dos Gansos Selvagens» de Diao Yinan, 2019















Digamos que, na China, em torno do Lago dos Gansos Selvagens, existem uma ou várias povoações organizadas em gangues mafiosos de ladrões de motocicletas, que se digladiam, enquanto sobre o lago, dentro de barcos, acontece um estranho comércio sexual. Condomínios com pátios centrais e uma comunidade que se espia entre escadas apodrecidas e corredores sujos. Pelo meio de uma rixa e na respectiva fuga desenfreada, Zhou Zenong (Hu Ge) mata um polícia e fica com a cabeça a prémio. Um prémio avultado desejado por muitos. A jovem prostituta Liu Aiai (Kwei Lun-Mei) ajuda-o a dar o melhor caminho ao dinheiro. A polícia acaba a tirar uma espécie de selfie com o pé sobre o troféu de caça.

É, assim, mais um filme rigorosamente fotografado (Song Dong-jin) que parece encantar-se a si próprio com os cenários e os episódios de sucessivas perseguições que encadeia, encantando também os espectadores (eu, por exemplo!) que gostam de admirar o pormenor das danças com ténis luminosos e de circos desactivados em jeito «Dama de Xangai». Diverte quanto baste nessa reciclada fórmula “gore” de exibir litros de sangue, cabeças decepadas, tiroteio sem tino, e humor a la carte. Também bastante ternura depositada sobre as personagens principais.

Um rebelde sem justa causa, entre Tarantino e uma certa “nouvelle vague” chinesa.

jef, março 2020

«O Lago dos Gansos Selvagens» (Nan Fang Che Zhan De Ju Hui) de Diao Yinan. Com Hu Ge, Kwei Lun-Mei, Liao Fan, Regina Wan. Fotografia: Song Dong-jin. China, 2019, Cores, 113 min.

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