Digamos que, na China, em torno do Lago dos Gansos
Selvagens, existem uma ou várias povoações organizadas em gangues mafiosos de ladrões de
motocicletas, que se digladiam, enquanto sobre o lago, dentro de barcos, acontece um estranho comércio sexual. Condomínios com pátios centrais e uma comunidade
que se espia entre escadas apodrecidas e corredores sujos. Pelo meio de uma
rixa e na respectiva fuga desenfreada, Zhou Zenong (Hu Ge) mata um polícia e
fica com a cabeça a prémio. Um prémio avultado desejado por muitos. A jovem
prostituta Liu Aiai (Kwei Lun-Mei) ajuda-o a dar o melhor caminho ao dinheiro.
A polícia acaba a tirar uma espécie de selfie com o pé sobre o troféu de caça.
É, assim, mais um filme rigorosamente fotografado (Song
Dong-jin) que parece encantar-se a si próprio com os cenários e os episódios
de sucessivas perseguições que encadeia, encantando também os espectadores
(eu, por exemplo!) que gostam de admirar o pormenor das danças com ténis
luminosos e de circos desactivados em jeito «Dama de Xangai». Diverte quanto
baste nessa reciclada fórmula “gore” de exibir litros de sangue, cabeças decepadas,
tiroteio sem tino, e humor a la carte. Também bastante ternura depositada sobre
as personagens principais.
Um rebelde sem justa causa, entre Tarantino e uma certa “nouvelle
vague” chinesa.
jef, março 2020
«O Lago dos Gansos Selvagens» (Nan Fang Che Zhan De Ju Hui)
de Diao Yinan. Com Hu Ge, Kwei Lun-Mei, Liao Fan, Regina Wan. Fotografia: Song Dong-jin. China, 2019, Cores, 113 min.
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