Finalmente em cinemascope, o ecrã é todo preenchido pelas
aventuras maravilhosas criadas por Kurosawa sobre a época dos samurais e da
guerra intestina de clãs pérfidos, princesas maravilhosas e camponeses
desvalidos (filmes jedai-geki).
Simplesmente deslumbrante! Qualquer coisa entre o romance de cavalaria e o
‘manuscrito encontrado em Saragoça’, cruzamento de uma ‘Odisseia’ em terra e o
‘O Bom, o Mau e o Vilão’ por terras orientais. Mas aqui é visual e crítico,
tudo movimentado numa montanha agreste de pedras soltas onde os camponeses
miseráveis e gananciosos, quais sísifos, divertidos como palhaços, Tahei (Minoru
Chiaki) e Mataschishi (Kamatari Fujiwara), encontram-se com o famoso general
galã Rokurota Makabe (Toshiro Mifune) e a bela princesa perseguida Yukihime (Misa
Uehara).
Entretanto já assistimos às sumptuosas cenas de multidão com
os escravos a sempre empurrados escadaria abaixo. Em, breve veremos a mais bela
cena de luta com lanças entre generais amigos-inimigos, precedida por uma outra
inesquecível, em que Rokurota Makabe persegue a cavalo soldados inimigos.
Também, depois, a magnífica dança popular em honra do fogo.
Filmes destes são como enormes óperas trágicas e cómicas,
onde cada movimento, cada som e cada silêncio são pensados pelo coreógrafo como
um bailado que ocupa todo o campo de visão do espectador, toda a profundidade
de campo de um imenso universo estético.
Imperdível!!
jef, fevereiro 2020
Sem comentários:
Enviar um comentário