quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Sobre o filme «A Fortaleza Escondida» de Akira Kurosawa, 1958


 















Finalmente em cinemascope, o ecrã é todo preenchido pelas aventuras maravilhosas criadas por Kurosawa sobre a época dos samurais e da guerra intestina de clãs pérfidos, princesas maravilhosas e camponeses desvalidos (filmes jedai-geki). Simplesmente deslumbrante! Qualquer coisa entre o romance de cavalaria e o ‘manuscrito encontrado em Saragoça’, cruzamento de uma ‘Odisseia’ em terra e o ‘O Bom, o Mau e o Vilão’ por terras orientais. Mas aqui é visual e crítico, tudo movimentado numa montanha agreste de pedras soltas onde os camponeses miseráveis e gananciosos, quais sísifos, divertidos como palhaços, Tahei (Minoru Chiaki) e Mataschishi (Kamatari Fujiwara), encontram-se com o famoso general galã Rokurota Makabe (Toshiro Mifune) e a bela princesa perseguida Yukihime (Misa Uehara).

Entretanto já assistimos às sumptuosas cenas de multidão com os escravos a sempre empurrados escadaria abaixo. Em, breve veremos a mais bela cena de luta com lanças entre generais amigos-inimigos, precedida por uma outra inesquecível, em que Rokurota Makabe persegue a cavalo soldados inimigos. Também, depois, a magnífica dança popular em honra do fogo.

Filmes destes são como enormes óperas trágicas e cómicas, onde cada movimento, cada som e cada silêncio são pensados pelo coreógrafo como um bailado que ocupa todo o campo de visão do espectador, toda a profundidade de campo de um imenso universo estético.

Imperdível!!

 

jef, fevereiro 2020

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