A
grande depressão e a América perdida na Califórnia, entre as severas montanhas
Gabilan e o rio Salinas, entre os campos semeados de batatas e esses “ratinhos”
famintos, sem emprego e sem tecto, a deambular pelas propriedades vendendo mão-de-obra
a preços de nada. Uma novela que é uma peça de teatro em seis actos, onde o
diálogo, logo de início, nos anuncia a tragédia incontornável. Não à volta a
dar. George
Milton, ladino e expedicto, sofre de uma profunda amizade proteccionista por Lennie
Small, gigante terno e apartado da realidade que não tem controlo na força com
que afaga os seres de que mais gosta. Sonham em ter uma quinta apenas sua onde
criarão coelhos e outros animais, ganharão sustento e, finalmente, poderão descansar.
Fogem de Weed e do passado, refugiam-se na margem do rio para matar a sede. A
nova propriedade aproxima-se oferecendo mais sacas de batatas para acartar. O
calor aperta, a camarata possui insecticida contra os piolhos. Curley, o filho
desordeiro do patrão, procura o conflito. A mulher deste insinua-se entre os
trabalhadores. O velho cão de Candy deve ser abatido com um tiro para não
sofrer mais.
Uma
América que, hoje em dia, ainda sofre e faz sofrer. Uma América grande que anda
a precisar de reler a terna perspicácia, o humanismo frontal e dramático, de
John Steinbeck.
jef,
outubro 2020
Um dos 3 livros que mais gosto do steinbeck. Uma temática e ambiente muito semelhante é também, e igualmente numa escrita clara, descrito na Estrada do tabaco de Erskine Caldwell.
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