terça-feira, 13 de outubro de 2020

Sobre o livro «Ratos e Homens» (Of Mice and Men) de John Steinbeck (1937). Tradução Érico Veríssimo. Livros do Brasil, 2017.

 

 

A grande depressão e a América perdida na Califórnia, entre as severas montanhas Gabilan e o rio Salinas, entre os campos semeados de batatas e esses “ratinhos” famintos, sem emprego e sem tecto, a deambular pelas propriedades vendendo mão-de-obra a preços de nada. Uma novela que é uma peça de teatro em seis actos, onde o diálogo, logo de início, nos anuncia a tragédia incontornável. Não à volta a dar. George Milton, ladino e expedicto, sofre de uma profunda amizade proteccionista por Lennie Small, gigante terno e apartado da realidade que não tem controlo na força com que afaga os seres de que mais gosta. Sonham em ter uma quinta apenas sua onde criarão coelhos e outros animais, ganharão sustento e, finalmente, poderão descansar. Fogem de Weed e do passado, refugiam-se na margem do rio para matar a sede. A nova propriedade aproxima-se oferecendo mais sacas de batatas para acartar. O calor aperta, a camarata possui insecticida contra os piolhos. Curley, o filho desordeiro do patrão, procura o conflito. A mulher deste insinua-se entre os trabalhadores. O velho cão de Candy deve ser abatido com um tiro para não sofrer mais.

Uma América que, hoje em dia, ainda sofre e faz sofrer. Uma América grande que anda a precisar de reler a terna perspicácia, o humanismo frontal e dramático, de John Steinbeck.


jef, outubro 2020

 

1 comentário:

  1. Um dos 3 livros que mais gosto do steinbeck. Uma temática e ambiente muito semelhante é também, e igualmente numa escrita clara, descrito na Estrada do tabaco de Erskine Caldwell.

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