Talvez seja apenas uma fábula americana, de ontem (e de hoje), muito
bem contada, seguindo um princípio de flashbacks (a preto e branco) cruzados
com a história que vai correndo nas cores (e nas dores) de uma América retrógrada e fechada. Uma
história tão simples quanto difícil de arquitectar. Perceptível, linear, digamos
pedagógica. Difícil de acreditar como a ficção se submete à realidade de um
mundo que consegue viver sobre as cinzas ainda quentes do holocausto e as brasas da sanguinária
Segunda Grande Guerra.
A história dos dois irmãos, o jovem Danny Vinyard fascinado
pela capacidade de liderança mobilizadora do irmão, Derek Vinyard, no nocturno mundo neo-nazi
americano, aliás cada vez mais diurno, suportada pela inesquecível
representação de dois enormes actores: Edward Furlong e Edward Norton. História de uma relação afectiva familiar e de como ela contém a génese educacional do ódio,
chegado com pezinhos de lã, através da memória de um pai dogmático, bombeiro morto
num incêndio num bairro negro, e de uma mãe doente e conciliadora (a
extraordinária Jennifer Lien).
Um filme que eleva Edward Norton ao estatuto de um dos grande
actores de sempre. Um filme que devemos recordar num mundo actual, ainda
tenebroso, a um passo semanal de uma das eleições americanas (e mundiais) mais
importantes de sempre – America will be great again!
jef, outubro 2020
«América Proibida» (American History X) de Tony Kaye. Com Edward Norton, Edward Furlong, Beverly D'Angelo, Jennifer Lien, Ethan Suplee, Fairuza Balk, Avery Brooks, Elliott Gould, Stacy Keach, William Russ, Guy Torry, Joe Cortese. Argumento: David McKenna. Fotografia: Tony Kaye. Música: Anne Dudley. EUA, 1998, Cores, 119 min.
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