quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Sobre o filme «América Proibida» de Tony Kaye, 1998















Talvez seja apenas uma fábula americana, de ontem (e de hoje), muito bem contada, seguindo um princípio de flashbacks (a preto e branco) cruzados com a história que vai correndo nas cores (e nas dores) de uma América retrógrada e fechada. Uma história tão simples quanto difícil de arquitectar. Perceptível, linear, digamos pedagógica. Difícil de acreditar como a ficção se submete à realidade de um mundo que consegue viver sobre as cinzas ainda quentes do holocausto e as brasas da sanguinária Segunda Grande Guerra.

A história dos dois irmãos, o jovem Danny Vinyard fascinado pela capacidade de liderança mobilizadora do irmão, Derek Vinyard, no nocturno mundo neo-nazi americano, aliás cada vez mais diurno, suportada pela inesquecível representação de dois enormes actores: Edward Furlong e Edward Norton. História de uma relação afectiva familiar e de como ela contém a génese educacional do ódio, chegado com pezinhos de lã, através da memória de um pai dogmático, bombeiro morto num incêndio num bairro negro, e de uma mãe doente e conciliadora (a extraordinária Jennifer Lien).

Um filme que eleva Edward Norton ao estatuto de um dos grande actores de sempre. Um filme que devemos recordar num mundo actual, ainda tenebroso, a um passo semanal de uma das eleições americanas (e mundiais) mais importantes de sempre – America will be great again!


jef, outubro 2020

«América Proibida» (American History X) de Tony Kaye. Com Edward Norton, Edward Furlong, Beverly D'Angelo, Jennifer Lien, Ethan Suplee, Fairuza Balk, Avery Brooks, Elliott Gould, Stacy Keach, William Russ, Guy Torry, Joe Cortese. Argumento: David McKenna. Fotografia: Tony Kaye. Música: Anne Dudley. EUA, 1998, Cores, 119 min.

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