sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Sobre o filme «Yojimbo, o Invencível» de Akira Kurosawa, 1961

 














Prodigioso.

Parece ser um filme de John Ford, Clint Eastwood, Quentin Tarantino ou Sergio Leone, mas não é! A música não é de Ennio Morricone, é uma alucinação ajazzada e modernista de Masaru Sato, ampliada pelo som universal de Hisashi Shimonaga e Chohichiro Mikami. Porém, o silêncio irado dos cowboys que se olham, estáticos, aguardando o exacto instante do disparo, está todo lá. Não trazem chapéu, antes uma espada, mas andam de palito ao canto da boca. Ali, são todos maus, inclusive o xerife, perdão, o polícia da aldeia, que é também cobarde e vai anunciando as horas dos confrontos. De um lado, a melícia dos bandidos da seda, do outro, a dos bandidos do saké. Todos têm medo do confronto, um medo que o samurai forasteiro e desempregado Sanjuro (Toshiro Mifune) observa sorrindo do alto da torre, como se fosse um juiz de ténis. Aliás, será ele, por astúcia, coragem e moral, que irá desencadear a guerra de clãs, oferecendo os seus altos préstimos a ambos os lados. Apenas é secundado pelo fabricante de caixões que com as suas marteladas põe os nervos em franja ao velho taberneiro que acolhe Sanjuro e lhe mostra toda a intriga observada pelas janelas da taberna.

E é nesse aspecto que o filme se torna absolutamente genial, nem é apenas teatro com as histórias a serem vislumbradas de longe pelo filtro da magnífica fotografia de Kazuo Miyagwa ou apenas contadas por quem as conhece e escutadas por Sanjuro; nem é apenas cinema, com uma espécie de bailado sincronizado dos personagens dentro dos exíguos espaços cenográficos, onde a câmara se aproxima sorrateira, debaixo para cima, oferecendo ao espectador os truques simulados que a intriga exige.

Tudo neste filme é delirante, divertido e superior. Soberbo e belo!

 

jef, setembro 2020

 

 «Yojimbo, o Invencível» (Yôjinbô) de Akira Kurosawa. Com Toshiro Mifune, Eijiro Tono, Kamatari Fujiwaea, Takashi Shimura, Seizaburo Kawazu, Isuzu Yamada, Hiroshi Tachikawa, Kyu Sazanka, Tatsuya Nakadai, Daisuke Kato, Ikio Sawamura, Akira Nishimura, Yoshio Tsuchyia, Yoko Tsukasa, Susumu Fujita. Argumento: Akira Kurosawa e Ryuzo Kikushima. Fotografia (35mm, Tohoscope): Kazuo Miyagwa. Cenários: Yoshiro Murakai. Música: Masaru Sato. Montagem: Akira Kurosawa. Som: Hisashi Shimonaga e Chohichiro Mikami. Produção: Filmes Kurosawa e Toho. Japão, 1961, P/B, 110 min.

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