Há discos assim. Viciam. Obrigam a gastar a tecla «repeat». Clarificam
o gosto musical. Melhor, identificam o que procuramos insistentemente no fundo do fundo da música.
Lucibela lança o primeiro álbum e com ele refaz a perspectiva
do que é o meu pré-conceito de música cabo-verdiana. Nada disto é
verdadeiramente “morna” ou “coladeira”, sequer “valsa”, “mazurca”, “fado”, “samba”
ou “jazz”. Contudo «Laço Umbilical» não provoca qualquer hiato com a tradição
de um dos países mais musicais do mundo, nem com as raízes negras ou ramos latinos
que a faz respirar.
Cabo Verde está lá todo, tradicional e moderno, alegre e
nostálgico, dançante e terno. Graças a essa maravilhosa doçura de contralto-quase-lírico
de Lucibela. Graça aos arranjos de Toy Vieira, tão simples, suaves e libertos,
que parecem difíceis de imaginar. Graças a essa magia que faz cobrir a saudade com
a poeira levantada pelo pé de dança.
Claro! Está lá Manuel de Novas unido ao mais jovem Mário Lúcio
e à belíssima e novíssima Elida Almeida.
Claro! Em «Laço Umbilical» está tudo o
que eu quero de um disco.
Talvez grande parte de mim esteja contido nestas canções!
jef, abril 2018
Sem comentários:
Enviar um comentário