(Pode dizer-se que este
texto é uma tentativa de crítica, seja o que isso for…)
André Ruivo rejeita a
legenda-ilustração para epíteto da sua arte. Mais nítida do que em obras
anteriores, essa vocação mostra-se no conjunto de imagens ‘não tituladas’ reunidas
no livro «Gangsters». A rejeição da frase escrita indexada à peça desenhada
transfere, na sua abstracção figurativa, o trabalho para o olhar do
leitor-narrador.
Citando dois exemplos clássicos, também Paula Rego e Pedro
Proença deixam ao leitor a liberdade de ajustar os sinais gráficos à sua
própria cadeia interpretativa. André Ruivo parece insistir em que qualquer tipo
de baias retira «autoria» à imagem.
Ora, se a primeira
liberdade de André Ruivo é a da não-legendagem, então a segunda rejeição é a da
intencionalidade, quer ela seja política, social, ou ambiental. É impossível associar
estas imagens a uma linha programática como é fácil fazê-lo com George Grosz ou
João Abel Manta. No entanto, as presentes ilustrações podem de modo muito aberto
celebrar a liberdade de expressão e a força colectiva no modo individual em que
se apresentam.
Concluindo, os 12
retratos incluídos em «Gangsters» são desafios gráficos, histórias puras e
livres, lançadas ao espírito do observador apenas pelo traço expressivo das
personagens e pela violência com que a cor nelas é aplicada.
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