terça-feira, 3 de abril de 2018

Sobre o filme «Wonderstruck: O Museu das Maravilhas» de Todd Haynes, 2017
















Algumas razões porque não crucifico à partida o filme de Todd Haynes:

1.     A Páscoa foi apenas há dois dias.
2.     Estive muito entretido a ver onde o filme ia parar. Belas imagens sugestivas e confusas a dois tempos (1927 e 1977). Preto e Branco e Cores. Uma banda sonora salientando o expressionismo da surdez de ambos os personagens: Rose (Millicent Simmonds, actriz realmente surda) e Ben (Oakes Fegley). Sabemos que com este realizador as pontas irão todas ligar, mas como?
3.     Gosto muito de maquetes e o filme está cheio delas. Também gosto de museus de História Natural, vitrines e dioramas. Este filme fez-me lembrar dois filmes muito particulares e extraordinários no que respeita a maquetes como simulacro do cenário ausente. Estruturas que elas próprias contam a história em miniatura: «Shortbus» de John Cameron Mitchell (2006) e «A Imagem Que Falta» de Rithy Panh (2013).
4.     Sou fã das maravilhosas actrizes Julianne Moore e Michelle Williams.
5.     Sou fã de «Space Oddity» de David Bowie e apreciei a versão final cantada e tocada pela The Langley Schools Music Project.
6.     Sou fã de «Longe do Paraíso» de Todd Haynes (2002) no seu lado melodramático, forte, pungente, inteligente, mas modernista, num jeito seu muitas vezes referido à Douglas Sirk ou Vincent Minnelli ou Nicholas Ray.

A principal razão por que crucifico «Wonderstruck: O Museu das Maravilhas» é o lado ingénuo e frouxo de ter de fazer coincidir exactamente todas as falas e acções para que batam certas, talvez seguindo à risca o argumento e o livro escritos por Brian Selznick, esquecendo que a emoção do cinéfilo não se gere a régua e esquadro.

E, enfim, a Páscoa já lá vai…

jef, abril 2018.

«Wonderstruck: O Museu das Maravilhas» (Wonderstruck) de Todd Haynes. Com Oakes Fegley, Millicent Simmonds, Julianne Moore, Michelle Williams, Cory Michael Smith, James Urbaniak, Patrick Murney. Fotografia: Edward Lachman. Argumento e livro de Brian Selznick. Música: Carter Burwell. EUA, 2017, Cores, 116 min.

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