Algumas razões porque não crucifico à partida o filme de Todd
Haynes:
1.
A
Páscoa foi apenas há dois dias.
2.
Estive
muito entretido a ver onde o filme ia parar. Belas imagens sugestivas e
confusas a dois tempos (1927 e 1977). Preto e Branco e Cores. Uma banda sonora salientando
o expressionismo da surdez de ambos os personagens: Rose (Millicent Simmonds, actriz
realmente surda) e Ben (Oakes Fegley). Sabemos que com este realizador as
pontas irão todas ligar, mas como?
3.
Gosto
muito de maquetes e o filme está cheio delas. Também gosto de museus de
História Natural, vitrines e dioramas. Este filme fez-me lembrar dois filmes muito
particulares e extraordinários no que respeita a maquetes como simulacro do
cenário ausente. Estruturas que elas próprias contam a história em miniatura: «Shortbus»
de John Cameron Mitchell (2006) e «A Imagem Que Falta» de Rithy Panh (2013).
4.
Sou
fã das maravilhosas actrizes Julianne Moore e Michelle Williams.
5.
Sou
fã de «Space Oddity» de David Bowie e apreciei a versão final cantada e tocada
pela The Langley Schools Music Project.
6.
Sou
fã de «Longe do Paraíso» de Todd Haynes (2002) no seu lado melodramático, forte,
pungente, inteligente, mas modernista, num jeito seu muitas vezes referido à Douglas
Sirk ou Vincent Minnelli ou Nicholas Ray.
A principal razão por que crucifico «Wonderstruck: O Museu
das Maravilhas» é o lado ingénuo e frouxo de ter de fazer coincidir exactamente todas as falas e acções para que batam certas, talvez seguindo à risca o argumento
e o livro escritos por Brian Selznick, esquecendo que a emoção do cinéfilo não
se gere a régua e esquadro.
E, enfim, a Páscoa já lá vai…
jef, abril 2018.
«Wonderstruck: O Museu das
Maravilhas» (Wonderstruck) de Todd Haynes. Com Oakes Fegley, Millicent
Simmonds, Julianne Moore, Michelle Williams, Cory Michael Smith, James
Urbaniak, Patrick Murney. Fotografia: Edward Lachman. Argumento e livro de Brian Selznick. Música:
Carter Burwell. EUA, 2017, Cores, 116 min.
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