Homossexualidade, Alcoolismo, Solidão. Os pragmáticos ou
os mórbidos podem resumir assim o filme sobre a cantora Chavela Vargas, nascida na
Costa Rica, em 17 de Abril de 1919, e que quase morreu no palco, México, a 5
de Agosto de 2012.
Contudo, durante o documentário, reverente, cronológico, sistemático,
devedor à grande artista, ouve-se uma frase que surge forte. «Chavela apreciava
a liberdade que a solidão lhe dava».
Homossexualidade, Alcoolismo, Solidão. Reconheço que é
inevitável uma biografia sobre a artista não pender para esses temas tão sempre
na moda.
No entanto, aquela mulher viveu 93 anos dirigidos pela voz do
seu corpo e pelo nervo da sua alma. Viveu no livre arbítrio que as condições de
cada época entregam aos mais resistentes. Viveu como quis. Cantou como bem
entendeu. Vestiu-se a seu bel-prazer. Amou muito e arrasou os corações de muitas
mulheres. Fez chorar. Encantou. Ultrapassou a solidão,
amando-a. Amou a liberdade, ultrapassando-a com a prisão que a paixão concede. Morreu
com o mundo a seus pés.
E o filme termina com «La LLorona». Um truque baixo para as
lágrimas do espectador.
Acima de tudo, Chavelas Vargas é a música que nos entregou.
jef, abril 2018.
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