quinta-feira, 12 de abril de 2018

Sobre o filme «Chavela» de Catherine Gund e Daresha Kyi, 2017















Homossexualidade, Alcoolismo, Solidão. Os pragmáticos ou os mórbidos podem resumir assim o filme sobre a cantora Chavela Vargas, nascida na Costa Rica, em 17 de Abril de 1919, e que quase morreu no palco, México, a 5 de Agosto de 2012.

Contudo, durante o documentário, reverente, cronológico, sistemático, devedor à grande artista, ouve-se uma frase que surge forte. «Chavela apreciava a liberdade que a solidão lhe dava».

Homossexualidade, Alcoolismo, Solidão. Reconheço que é inevitável uma biografia sobre a artista não pender para esses temas tão sempre na moda.

No entanto, aquela mulher viveu 93 anos dirigidos pela voz do seu corpo e pelo nervo da sua alma. Viveu no livre arbítrio que as condições de cada época entregam aos mais resistentes. Viveu como quis. Cantou como bem entendeu. Vestiu-se a seu bel-prazer. Amou muito e arrasou os corações de muitas mulheres. Fez chorar. Encantou. Ultrapassou a solidão, amando-a. Amou a liberdade, ultrapassando-a com a prisão que a paixão concede. Morreu com o mundo a seus pés.

E o filme termina com «La LLorona». Um truque baixo para as lágrimas do espectador.  

Acima de tudo, Chavelas Vargas é a música que nos entregou.

jef, abril 2018.

«Chavela» de Catherine Gund e Daresha Kyi. Com Chavela Vargas, Pedro Almodóvar, Elena Benarroch, Miguel Bosé, Tania Libertad, Martirio. EUA / Espenha / México, 2017, Cores, 93 min.


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