A produção cinéfila francesa tem destas coisas. Encanta-se consigo
própria. Finge que é a produtiva Hollywood. Presume-se. Encharca-se de
sumptuosos cenários, decores, adereços, guarda-roupa. Aplica credíveis efeitos
especiais. Coloca uma banda sonora a imitar Danny Elfman ou Alexandre Desplat.
Chama bons actores capazes de dar corpo a uma interessante história novelesca
que sublinha o horror que foi a morte nas trincheiras (e mesmo depois do armistício)
da terrível e mais esquecida Guerra Mundial, a primeira. História baseada no
romance de Pierre Lemaitre.
Mas, depois, a tal produção manda apressar a leitura do
espectador porque o tempo da narração não chega para mostrar tantas imagens e temos correr atrás de uma história intrincada sobre traição, amor fraternal,
fraude bancária, ganância desmedida, falcatruas estatuárias, requebros pirosos
sobre a amizade e os desencontros familiares, até estacionarmos num delicodoce happy end com paisagem cartonada marroquina ao fundo.
Que nos fique a ideia tão interessante de praticar a
comédia dramática sobre, repito, uma das guerras mais sangrentas e dilacerantes
de sempre.
Que fique também a interpretação de Niels Arestrup, a fazer
de Presidente-Pater- Familias.
jef, abril 2018.
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