Uma espécie de comédia rápida e delirante; scherzo coreografado; apontamento de
bailado sobre a belíssima música de John Barry; divertimento sobre a falsa
ingenuidade e a presunção do falso galanteador. Tudo girando à volta de uma
cama de ferro com dois metros e a sua importância na real arte da sedução quando
Londres se encontra no epicentro da revolução sexual. Este filme ganhou a Palma
de Ouro em Cannes.
Nancy (Rita Tushingham) chega a Londres, deslumbrada e
ingénua, e procura as instalações da YWCA. Colin (Michael Crawford) é um
ingénuo professor de liceu que deseja uma cama larga e um pouco do talento de
sedução (the knack) demonstrado pelo seu amigo Tolen (Ray Brooks). Encontra
Nancy por quem tomba enamorado, tenta exibir as lições dadas por Tolen mas sem
sucesso. Toda a velha geração londrina, numa espécie de coro grego geriátrico,
range os dentes, franze o nariz, critica o desvario juvenil… mas a nova cama de
ferro é um sucesso.
E contra mim falo, para apreciar este filme por inteiro, será
necessário saber inglês na ponta da língua, um inglês citadino, de gíria, de
rua, de certa intimidade. As legendas não lhe chegam e contêm imprecisões
desconcertantes.
É um filme datado, de época, marcado pela visão urgente de
uma ‘new vague’ artística. Um filme divertidíssimo, mas muito datado, que deve
ter obrigado os actores a um esforço físico notável e, agora, obriga o
espectador a ir ter com uma época e uma cidade nostalgicamente finitas.
jef, agosto 2020
«The Knack… And How to Get It» de Richard Lester. Com Rita
Tushingham, Ray Brooks, Michael Crawford, Donal Donnelly. Argumento de Charles
Wood segundo a peça de Ann Jellicoe. Fotografia: David Watkin. Música: John
Barry. Grã-Bretanha, 1965, P/B, 85 min.
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