sexta-feira, 15 de maio de 2020

Saramugo Anaecypris hispanica (Steindachner,1866)









Saramugo Anaecypris hispanica  (Steindachner, 1866)
Família Cyprinidae

A questão é simples de equacionar – conservar uma espécie significa conservar também o seu habitat (conservação in situ). Contudo, quando se trata de um endemismo que apenas ocorre, a nível mundial, na bacia do rio Guadiana e, nesta, somente em cinco sub-bacias de entre os seus inúmeros afluentes: Ardila, Chança, Vascão, Foupana e Odeleite, o controlo dos fatores que limitam a sua sobrevivência no meio natural, revela-se, afinal, bem complexo e urgente.

Da família dos Ciprinídeos, é o peixe mais pequeno da nossa fauna autóctone dulciaquícola, não ultrapassando, em adulto e em média, os 7 cm de comprimento. Sendo uma espécie que tem uma baixa taxa de reprodução, dependente e, por isso, indicadora da qualidade da água, deslocando-se na época reprodutiva (reofílica), é fácil entender como é sensível às alterações do curso e do leito das ribeiras, também às suas descontinuidades – construção de açudes, captação de água, descargas de poluentes ou extracção de inertes. Também a introdução de espécies exóticas como o achigã, o acesso de gado aos locais adjacentes aos pegos onde se refugiam durante os períodos de menor torrente ou a alteração de vegetação nas margens, constituem outros fatores fortemente perturbadores.

Se afirmamos que o pequeno peixe é tão vulnerável quanto o meio onde habita, verificamos igualmente que a maior parte das ameaças resultam da atividade humana. Daí a nossa maior responsabilidade. Por isso, a obrigação de colocar em prática o «Plano de Acção do Saramugo» (projecto financiado pela união europeia LIFE 13/NAT/PT786) onde se encontram definidos os termos para o licenciamento e para a fiscalização do usufruto dos cursos de água, a integrar urgentemente no Plano da Região Hidrográfica da Bacia do Guadiana, e o envolvimento consciente de todos os que devem zelar pela manutenção da biodiversidade de uma bacia hidrográfica tão singular como a deste rio.

jef, maio 2020

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