Saramugo
Anaecypris hispanica (Steindachner, 1866)
Família
Cyprinidae
A
questão é simples de equacionar – conservar uma espécie significa conservar
também o seu habitat (conservação in situ).
Contudo, quando se trata de um endemismo que apenas ocorre, a nível mundial, na
bacia do rio Guadiana e, nesta, somente em cinco sub-bacias de entre os seus
inúmeros afluentes: Ardila, Chança, Vascão, Foupana e Odeleite, o controlo dos
fatores que limitam a sua sobrevivência no meio natural, revela-se, afinal, bem
complexo e urgente.
Da
família dos Ciprinídeos, é o peixe mais pequeno da nossa fauna autóctone
dulciaquícola, não ultrapassando, em adulto e em média, os 7 cm de comprimento.
Sendo uma espécie que tem uma baixa taxa de reprodução, dependente e, por isso,
indicadora da qualidade da água, deslocando-se na época reprodutiva
(reofílica), é fácil entender como é sensível às alterações do curso e do leito
das ribeiras, também às suas descontinuidades – construção de açudes, captação
de água, descargas de poluentes ou extracção de inertes. Também a introdução de
espécies exóticas como o achigã, o acesso de gado aos locais adjacentes aos
pegos onde se refugiam durante os períodos de menor torrente ou a alteração de
vegetação nas margens, constituem outros fatores fortemente perturbadores.
Se
afirmamos que o pequeno peixe é tão vulnerável quanto o meio onde habita,
verificamos igualmente que a maior parte das ameaças resultam da atividade
humana. Daí a nossa maior responsabilidade. Por isso, a obrigação de colocar em
prática o «Plano de Acção do Saramugo» (projecto financiado pela união europeia
LIFE 13/NAT/PT786) onde se encontram definidos os termos para o licenciamento e
para a fiscalização do usufruto dos cursos de água, a integrar urgentemente no
Plano da Região Hidrográfica da Bacia do Guadiana, e o envolvimento consciente
de todos os que devem zelar pela manutenção da biodiversidade de uma bacia
hidrográfica tão singular como a deste rio.
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