segunda-feira, 4 de maio de 2020

Teixo Taxus baccata L.




















Teixo Taxus baccata L.
Família Taxaceae

Os núcleos desta gimnospérmica autóctone encontrar-se-ão restritos às serras do Norte e do Centro, Gerês e Estrela, em zonas altas de declive acentuado, pedregosas, inacessíveis, onde os exemplares não atingirão os famosos 20 metros de altura daqueles que são plantados para embelezar pátios e jardins, com tronco austero, copa ampla e piramidal. A actual área limitada de distribuição também está associada ao ancestral abate pela sua apreciada madeira, resistente, dura mas elástica, procurada para trabalhos de marcenaria, torno e, diz a tradição, fabrico de arcos para a caça ou para a guerra. Talvez pela sua extrema longevidade, na antiguidade surgia ligada a necrópoles, servindo frequentemente para a construção de esquifes.

Ou talvez pela fama de toxicidade de praticamente todos os seus elementos, contendo a taxina, alcaloide que provoca graves danos no sistema neurológico e cardiovascular. Esse facto não ajudou à sua conservação. Também o composto derivado taxol (agora sintetizado em laboratório) era utilizado em tratamentos oncológicos.

O característico ritidoma castanho-avermelhado destaca-se em estreitas faixas longitudinais e as folhas lineares, perenes e alternas, dispõem-se em duas fiadas paralelas, porém falsamente dísticas, pois o seu paralelismo advém antes da delicada torção do curto pecíolo. Na axila de algumas folhas modificadas de cor alaranjada surgem os cones masculinos, mas apenas nos indivíduos masculinos pois é uma espécie dióica. Também as folhas apresentam forte toxicidade. Apenas um dos elementos não é tóxico: o arilo, o falso fruto. Pelo contrário, esse escarlate ou rosado-vivo invólucro seminal, carnudo, viscoso e adocicado, que surge nas árvores femininas pelo Verão, é muito apreciado pelas aves florestais. Mas a semente nua que está lá contida é muito venenosa, porém é dispersada posteriormente pelas aves sem lhes causar qualquer dano. Estratégias evolutivas da disseminação natural.

Uma das curiosidades da espécie cujas raízes se associam em simbiose com bactérias formando micorrizas que enriquecem o solo de nutrientes, é a capacidade de se desdobrar em variedades cultivares, fáceis de podar, gerando sebes recortadas e labirínticas, aprimorando parques e jardins “à francesa”. A arte da topiária. Consta que, a partir do enraizamento de ramos laterais adultos horizontais poderão surgir indivíduos que crescem, assim, rastejantes.

A verdade é que uma espécie com uma área de distribuição atualmente tão limitada já deu aso, na região Norte e Centro, a tão numerosos topónimos com o seu étimo: “teixo”, “teixoso” ou “teixeira”.

jef, maio 2020

botânica

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