Teixo Taxus baccata L.
Família
Taxaceae
Os
núcleos desta gimnospérmica autóctone encontrar-se-ão restritos às serras do
Norte e do Centro, Gerês e Estrela, em zonas altas de declive acentuado,
pedregosas, inacessíveis, onde os exemplares não atingirão os famosos 20 metros
de altura daqueles que são plantados para embelezar pátios e jardins, com tronco
austero, copa ampla e piramidal. A actual área limitada de distribuição também
está associada ao ancestral abate pela sua apreciada madeira, resistente, dura
mas elástica, procurada para trabalhos de marcenaria, torno e, diz a tradição,
fabrico de arcos para a caça ou para a guerra. Talvez pela sua extrema
longevidade, na antiguidade surgia ligada a necrópoles, servindo frequentemente
para a construção de esquifes.
Ou
talvez pela fama de toxicidade de praticamente todos os seus elementos, contendo
a taxina, alcaloide que provoca graves danos no sistema neurológico e
cardiovascular. Esse facto não ajudou à sua conservação. Também o composto
derivado taxol (agora sintetizado em laboratório) era utilizado em tratamentos
oncológicos.
O
característico ritidoma castanho-avermelhado destaca-se em estreitas faixas
longitudinais e as folhas lineares, perenes e alternas, dispõem-se em duas
fiadas paralelas, porém falsamente dísticas, pois o seu paralelismo advém antes
da delicada torção do curto pecíolo. Na axila de algumas folhas modificadas de
cor alaranjada surgem os cones masculinos, mas apenas nos indivíduos masculinos
pois é uma espécie dióica. Também as folhas apresentam forte toxicidade. Apenas
um dos elementos não é tóxico: o arilo, o falso fruto. Pelo contrário, esse
escarlate ou rosado-vivo invólucro seminal, carnudo, viscoso e adocicado, que
surge nas árvores femininas pelo Verão, é muito apreciado pelas aves
florestais. Mas a semente nua que está lá contida é muito venenosa, porém é dispersada
posteriormente pelas aves sem lhes causar qualquer dano. Estratégias evolutivas
da disseminação natural.
Uma
das curiosidades da espécie cujas raízes se associam em simbiose com bactérias formando
micorrizas que enriquecem o solo de nutrientes, é a capacidade de se desdobrar
em variedades cultivares, fáceis de podar, gerando sebes recortadas e
labirínticas, aprimorando parques e jardins “à francesa”. A arte da topiária. Consta
que, a partir do enraizamento de ramos laterais adultos horizontais poderão
surgir indivíduos que crescem, assim, rastejantes.
A
verdade é que uma espécie com uma área de distribuição atualmente tão limitada já
deu aso, na região Norte e Centro, a tão numerosos topónimos com o seu étimo:
“teixo”, “teixoso” ou “teixeira”.
jef,
maio 2020
botânica
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