«Erbarme dich,
Mein Gott, um meiner Zähren
willen!
Schaue hier,
Herz und Auge weint vor dir
Bitterlich.»
(A voz roga a Deus por
piedade. Tem os olhos e o coração em lágrimas. Pedro já terá negado jesus mas
Judas ainda não se aproximou do templo nem Pilatos tomou a sua decisão, de mãos
lavadas.)
A ária é uma das mais belas canções do mundo e encontra-se no
interior de uma das obras de arte que melhor define (ou estrutura) a palavra humanidade.
Não suspeitaria J.S. Bach, quando a compôs lá pelo ano de 1727, que Gustav
Leonhardt, séculos depois, viesse a construir um monumento sobre o seu inicial monumento, ao dirigir a orquestra La Petite Bande, o coro Tölzer Knabenchor e os solistas
masculinos: Christoph Prégardien (tenor, Evangelista), Max van Egmond (baixo,
Jesus Cristo), René Jacobs (contralto), Marcus Schäfer (tenor), Klaus Mertens
(baixo), David Cordier (contralto), John Elwes (tenor), Peter Lika (baixo),
Christian Fliegner (soprano) e Maximilian Kiener (soprano).
É imprescindível nomear os cantores pois constroem,
juntamente com os coros e a orquestra, sob a régia maestria de Gustav Leonhardt
(1928-2012), a mais emocional e íntima das versões desta partitura. Uma
interpretação que entrega esse mais elevado espírito artístico ao absoluto,
talvez abstracto, e agora pode dizer-se confinado, prazer musical de quem agora o ouve.
Um dos discos que me mostrrou a dimensão real do mundo em
que os meus pés assentam.
jef, abril 2020
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